Os cubanos consideraram "justas" as "reivindicações" feitas por Moscovo.
Corpo do artigo
Cuba acusou no sábado os Estados Unidos e a NATO de terem causado a guerra na Ucrânia por terem aumentado a tensão com a Rússia, defendendo uma "solução diplomática séria, construtiva e realista" da crise.
"O esforço dos EUA para continuar a expansão progressiva da NATO para as fronteiras da Federação Russa levou a um cenário, com implicações de alcance imprevisível, que poderia ter sido evitado", disse o ministério das Relações Exteriores de Cuba em comunicado.
O Governo cubano destacou a "estreita relação com o povo ucraniano" e também lamentou a perda de vidas de civis inocentes devido à guerra.
Havana considerou "justas" as "reivindicações" feitas por Moscovo a Washington e aos países da aliança atlântica diante da crescente presença militar em regiões "adjacentes" à Rússia e da "entrega de armas modernas à Ucrânia".
Medidas que equivalem a um "cerco militar progressivo", disse o ministério cubano.
"A história responsabilizará o Governo dos Estados Unidos pelas consequências de uma doutrina militar cada vez mais ofensiva fora das fronteiras da NATO, que ameaça a paz, a segurança e a estabilidade internacionais", acrescenta-se no texto.
Cuba também expressou preocupação com a decisão da NATO de ativar pela primeira vez a sua força de reação rápida, na qual Portugal participa.
No documento, publicado na página do ministério na internet, critica-se ainda o projeto de resolução, vetado pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU, que condena a "agressão" russa na Ucrânia.
O projeto, apresentado pelos Estados Unidos, "não reconhece a responsabilidade daqueles que favoreceram ou lançaram ações agressivas que precipitaram a 'escalada deste conflito'", disse o Governo cubano.
Cuba defendeu uma "solução diplomática séria, construtiva e realista para a atual crise na Europa, por meios pacíficos, que garantam a segurança e a soberania de todos, bem como a paz, a estabilidade e a segurança regionais e internacionais".
Ao contrário da Rússia, Cuba não reconheceu as autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos 198 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 150.000 deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.