Dalai Lama desculpa-se após vídeo em que beija criança e lhe pede que lhe chupe a língua se tornar viral
Num templo em Dharamshala, no norte da Índia, o líder espiritual beijou um menino nos lábios e pediu à criança que lhe lambesse a língua.
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O líder espiritual Dalai Lama apresentou, esta segunda-feira, um pedido de desculpas após um vídeo em que beija uma criança e pede que o menino lhe chupe a língua se ter tornado viral nas redes sociais.
O gabinete de Dalai Lama emitiu um pedido de desculpa, explicando que o Nobel da Paz costuma "brincar" com quem se encontra, "de forma inocente", mesmo "em frente às câmaras".
Ainda assim, o líder espiritual pediu desculpa ao menino e à família pela dor que poderá ter causado.
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O episódio aconteceu a 28 de fevereiro, quando o líder espiritual se dirigiu a um grupo de estudantes, num templo em Dharamshala, no norte da Índia.
Dalai Lama beijou um menino nos lábios e, enquanto encostavam as cabeças, pediu à criança que lhe lambesse a língua.
Contactado pela TSF, Paulo Borges, da direção da União Budista Portuguesa, recusou inicialmente comentar este caso, mas acabou por mudar de ideias. Paulo Borges sente-se incomodado com as imagens deste vídeo que está a causar polémico.
"É um comportamento chocante, mas não sabemos quais foram as intenções do Dalai Lama. O que me parece é que, muitas vezes, as pessoas destacadas dentro de várias tradições espirituais têm um comportamento que foge aos parâmetros da moralidade convencional. Dalai Lama é conhecido por ter comportamentos espontâneos, imprevisíveis e chocantes do ponto de vista da moralidade convencional. Não justifica o que aconteceu, mas convida-nos a não fazermos juízos precipitados, porque não sabemos qual foi a sua intenção. E o facto de ele ter feito aquilo diante das câmaras mostra que não houve propriamente malícia", afirmou, em declarações à TSF.
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Mais tarde, Paulo Borges reviu a sua posição e, numa comunicação escrita enviada à TSF, considerou que a atitude de Dalai Lama tratou-se "de uma mera brincadeira sem qualquer malícia, como se fossem duas crianças, bem ao estilo do espírito desconcertantemente espontâneo, imprevisível e inocente do Dalai Lama. O problema é que hoje nos levamos muito a sério e esquecemos a alegria das nossas brincadeiras infantis, que aos olhos dos adultos parecem muitas vezes "non sense".
"A única malícia que parece haver é na campanha montada e mal intencionada para o denegrir, que se alimenta das mentes que nas redes sociais buscam avidamente bodes expiatórios para a frustração, a insatisfação e o mal-estar em que vivem. Precisamente aquilo de que os ensinamentos budistas nos visam libertar. Note-se que o Dalai Lama não pediu desculpa pelo que fez, mas pelo sofrimento que uma percepção errónea possa ter causado. Este incidente não macula minimamente uma vida exemplarmente posta ao serviço dos valores éticos fundamentais da humanidade", escreveu.
*com Carolina Quaresma e Dora Pires
Atualizado no dia 12 de abril às 13h40