Uma reunião inverteu a vida de Tootsie Warhol. De advogado a ativista contra Trump
Tootsie Warhol reuniu-se com o Presidente norte-americano sobre liberdades civis e direitos de voto. Saiu do encontro com a certeza de que teria de fazer tudo para tirar Trump do poder.
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Em frente à Times Square de Nova Iorque um homem de fato e gravata, com a cara pintada de laranja e peruca loira, imita os gestos e a voz de Donald Trump, fazendo campanha para mudar de Presidente.
"Eu fui advogado durante nove anos e tive uma reunião com Trump. (...) Agora sou artista a tempo inteiro e ativista", começou por contar à Lusa Tootsie Warhol.
O antigo advogado reuniu-se pessoalmente com o Presidente há quatro anos, como enviado para as liberdades civis e direitos de voto, numa reunião em que também esteve Martin Luther King III, filho do líder histórico da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.
Tootsie Warhol, com a voz a imitar Donald Trump, disse à Lusa que apesar dos sorrisos e apertos de mão, saiu da reunião a pensar: "Este homem é louco, não sabe do que fala, é completamente lunático."
"Se há cinco anos me tivessem dito que em 2020 Donald Trump era Presidente, que todas as lojas e restaurantes de Nova Iorque estavam tapadas com placas de madeira e tínhamos uma pandemia grave a matar milhões de pessoas em todo o mundo, eu teria dito 'isso parece um mau filme de ficção científica com Tom Cruise, não é possível'", salientou à Lusa.
"Há quatro anos, num dia como hoje, votei e fiquei sentado numa companhia de advogados, estava a enviar 'e-mails'. (...) Não resultou e nós acabámos com o pior Presidente da história dos Presidentes", recordou o ativista.
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De fato preto, camisa branca sobre um colete para ficar mais cheio e gravata fina vermelha, uma viseira em frente à cara pintada de laranja e uma peruca amarela, Tootsie Warhol disse que está a fazer campanha contra Donald Trump "e as pessoas adoram", gesticulando com as duas mãos como faz o atual Presidente dos EUA.
O artista grita alto pela vitória de Joe Biden, fala com as pessoas que passam, entrega folhas para ser encontrado nas redes sociais e defende que "é ótimo interagir com pessoas", tanto as que apoiam Donald Trump, as que desaprovam e as que não se interessam.
Proferindo frases e repetindo expressões e conceitos presentes nos discursos de Trump, o ativista acrescentou: "Temos todo o tipo de pessoas aqui em Nova Iorque, há pessoas que estão muito chateadas, gritam comigo e querem magoar-me. São pessoas doentes, são pessoas más."
Ainda assim, o objetivo é maior e vale a pena, disse Tootsie Warhol, confiante na vitória dos candidatos democratas Joe Biden e Kamala Harris e de uma progressão do país em melhores condições, com a saída de Donald Trump da Presidência.
"Vamos ter a primeira vice-Presidente mulher da história da América. Espero e rezo", declarou.
Warhol recordou que teve um encontro de uma hora na Trump Tower com o empresário e fundador, na mesma semana em que Donald Trump se iria tornar Presidente, em 2017.
Enquanto mostrava uma fotografia em que veem Trump e Martin Luther King III, acrescentou: "Este sou eu quando não estou laranja".
Em 2017, dias antes da posse de Donald Trump como Presidente, o advogado tomou a decisão de "fazer mais", mas sem uma noção clara.
"Não sabia que me ia tornar uma pessoa laranja", afirmou.
Depois de várias pessoas dizerem a Tootsie Warhol que parecia Trump a falar, há um ano, o artista começou, por diversão, a vestir-se e comportar-se dessa maneira e sair para as ruas com diferentes cartazes.
Há um mês, a campanha de Warhol tornou-se diária e o cartaz de hoje diz "Vote Trump para fora".
Os Estados Unidos estão hoje a votar, a escolher entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden, depois de os votos antecipados terem chegado a cerca de 100 milhões por todo o país, uma dimensão inédita na história eleitoral do país.