Fez uma fortuna de 25 mil milhões de dólares e tornou-se o inimigo público dos Estados Unidos da América. Quem era, afinal, o maior narcotraficante da História?
Corpo do artigo
Cruel, excêntrico e ambicioso são adjetivos usados com frequência para descrever Pablo Escobar, o narcotraficante mais poderoso da década de 1980, que morreu há 25 anos. E os epítetos não podiam ser mais verdadeiros. O criminoso colombiano roubou, matou e não olhou a meios para construir o seu império.
A vida mirabolante de Pablo Escobar deu origem a livros, filmes e séries (como a famosa produção da Netflix "Narcos"), que transformaram o criminoso numa figura pop dos dias de hoje - ainda que já tenha passado um quarto de século desde a data da sua morte.
Das lápides de cemitérios ao império da cocaína
Escobar entrou no mundo do crime ainda adolescente e as primeira atividades ilegais nada tinham que ver com o narcotráfico. Aquele que foi mais tarde apelidado "o rei da cocaína" começou por contrabandear equipamentos de som e roubar lápides de cemitérios para depois as revender.
PtJ6yAGjsIs
À medida que a indústria da cocaína crescia na Colômbia, Escobar envolveu-se no contrabando de droga e montou, em meados da década de 1970, o cartel de Medellín - que produzia, transportava e vendia cocaína.
Uma década depois, já o cartel de Medellín dominava o comércio dessa droga, fornecendo 80% da cocaína do mundo.
A fortuna
Quatro em cada cinco dos americanos que consumiam cocaína, nos anos 1980, usavam o "produto" de Escobar, o que valeria ao cartel cerca de 420 milhões de dólares por semana. Escobar tornou-se, assim, um dos homens mais ricos do mundo, com uma fortuna declarada de 25 mil milhões.
Com os lucros do negócio, Escobar construiu uma série de casas que mais pareciam palácios. A mais imponente era a residência Hacienda Nápoles, uma propriedade com 2.800 hectares, localizada entre Bogotá e Medellín.
A mansão incluía um campo de futebol, estátuas de dinossauros, lagos artificiais, uma arena de touradas, uma pista para aviões, um campo de ténis e um zoológico.
Para além dos luxos pessoais, Escobar construiu hospitais, estádios e abrigos para os pobres, o que levou a que muitos o considerassem uma espécie de "Robin Hood".
Foi este lado filantrópico que valeu a Pablo Escobar um lugar no Congresso colombiano, em 1982. Dois anos mais tarde, foi forçado a renunciar depois de uma campanha expor as suas atividades criminosas. O ministro da Justiça, Rodrigo Lara, que liderou os esforços desta campanha foi assassinado.
Os hipopótamos de Escobar que ainda hoje assustam a população
O zoológico privado da casa de Escobar abrigava cerca de 200 animais, incluindo elefantes, avestruzes, zebras, camelos e girafas, contrabandeadas para o país a bordo dos aviões de droga de Escobar.
6UHFHT1WhPc
Depois da morte do narcotraficante, a maioria dos animais foi transferida para jardins zoológicos. No entanto, quatro hipopótamos foram deixados para trás.
Os animais deixados ao abandono multiplicaram-se e, neste momento, já são mais de 40, de acordo com a euronews. Os hipopótamos de Escobar são potencialmente perigosos e já danificaram fazendas e inspiraram medo nos habitantes locais. As autoridades começaram, inclusive, a castrar os hipopótamos machos para conseguirem controlar a população.
"Plata o plomo". Os inimigos de Escobar
Escobar regia-se pelo lema "plata o plomo", que significa "prata" (suborno) ou "chumbo" (balas) e não se coibiu de fazer valer a segunda opção. Matou polícias, funcionários do governo e civis, muitas vezes indiscriminadamente. O cartel foi, inclusivamente, acusado de detonar uma bomba num avião que transportava um suposto informador, matando cerca de 100 pessoas.
Ao longo da vida, Escobar foi acumulando inimigos e o ódio dos Estados Unidos da América, destino da maior parte da cocaína traficada pelo cartel. O Governo americano passou a considerá-lo um dos principais alvos da guerra contra as drogas, o que provocou uma retaliação ainda maior de Escobar, que terá dito que "preferia ter um túmulo na Colômbia do que uma cela nos Estados Unidos da América".
Os EUA iniciaram uma caça ao homem e acabaram por conseguir que Escobar se rendesse, em 1991, mas as condições em que o narcotraficante ficou detido em nada se assemelham às condições a que os criminosos comuns têm direito.
La Catedral
Ao contrário do que acontece a quem comete crimes sangrentos como os de Escobar, o narcotraficante teve direito a escolher como queria estar preso.
O "rei da cocaína" foi autorizado a construir uma prisão de luxo, que ficou conhecida como La Catedral, com discoteca, sauna, cascata, campo de futebol, telefones, computadores e máquinas de fax.
Depois de Escobar torturar e matar dois membros do cartel dentro da sua própria prisão, as autoridades decidiram transferi-lo para uma prisão menos cómoda.
No entanto, em julho de 1992, e ainda antes da transferência, Escobar conseguiu fugir. Um ano depois, no dia a seguir ao seu 44.º aniversário, foi encontrado em Medellín, e morreu durante o tiroteio com as autoridades.
Há ainda teorias que avançam que Pablo Escobar tenha posto fim à própria vida, convicções que aumentam o mistério à volta do narcotraficante - odiado por uns e amado por tantos outros.