Debate europeu. Socialistas e liberais avisam que não apoiam Von der Leyen em caso de aproximação à extrema-direita
Spitzenkandidaten debatem propostas para as eleições europeias de 9 de junho
Corpo do artigo
Os candidatos à liderança da Comissão Europeia avisam Von der Leyen que não contará com o apoio de duas das atuais maiores famílias políticas no Parlamento Europeu, caso venha depender do apoio parlamentar de partidos associados à extrema-direita.
A candidata do Partido Popular Europeu, Ursula von der Leyen foi, esta quinta-feira, a primeira a chegar ao edifício Paul Henri Spack, que acolhe o plenário do Parlamento Europeu, em Bruxelas, onde vai debater com os outros cabeças de lista que também se propõem a ocupar o cargo, que actualmente pertence à alemã de 65 anos. Von der Leyen apresenta-se em 2024 nas listas do PPE para tentar um segundo mandato.
Na tarde desta quinta-feira foi a primeira a atravessar a passadeira da entrada VIP do protocolo parlamentar, porém, sem falar aos jornalistas. Seguiu-se Nicolas Schmit, candidato pelo Partido dos Socialistas Europeus. É membro do executivo de Ursula von der Leyen, com a pasta do Emprego e Direitos Sociais. Mas, nestas eleições, o político luxemburguês de 70 anos, pretende chegar ao topo do executivo.
Em resposta à TSF, afirmou que para cativar o voto dos europeus é preciso mais empenho dos políticos. “Precisamos de algumas mudanças na Europa. Temos de dar às pessoas confiança e esperança”, afirmou, considerando que “isto só se consegue com propostas muito fortes e concretas”.
Este antigo diplomata, considera que este é um dos argumentos que falta à extrema-direita que, “no final de contas, propõe aos cidadãos menos Europa e uma má Europa.”
Quando questionado sobre se os socialistas devem apoiar um segundo mandato de von der Leyen, no caso de esta vir a depender dos votos parlamentares de grupos associados à extrema-direita como a Identidade e Democracia ou os Conservadores e Reformistas, Nicolas Schmit diz que a resposta é clara: “para nós, não há coligação com a extrema-direita porque eles não partilham a nossa visão, o nosso projeto de uma Europa forte”, afirma.
“O que eles querem fazer é desmantelar a Europa. Então, como se pode fazer uma coligação? Queremos construir uma Europa mais forte e eles querem desmantelar a Europa. Não vejo como se pode entrar em algum tipo de coligação com essas pessoas”, assegurou.
No mesmo sentido, identificando na extrema-direita a possibilidade de deterioração da UE, é com ironia que o italiano Sandro Gozi, candidato principal do Renovar a Europa, responde à mesma questão, sobre a possibilidade do seu grupo político ser necessário para aprovar o mandato de von der Leyen.
O italiano, que lidera a lista da terceira maior família política do Parlamento Europeu, recorre a um provérbio antigo, para garantir que não apoia von der Leyen se esta se aproximar de membros da extrema-direita, como classifica a atual primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
“Todas as estradas vão dar a Roma. E não sou eu que o nego, mas o caminho que Ursula von der Leyen tomou para Roma não a levará muito longe. Quanto mais ela se aproximar de Meloni, Fratelli d'Italia, etc., mais se afastará de nós. Isso é claro. Não queremos construir uma maioria política no Parlamento Europeu com essa ideia,” afirmou.
Inquieta com o crescimento da extrema-direita, Terry Reintke, a mais jovem entre os cabeças de lista, tem 37 anos, diz que fará tudo para cativar o voto nos Verdes, ou pelos menos nas forças democráticas.
“Sinto-me muito positiva. É a minha primeira vez como candidata principal a participar num debate deste tipo. Mas penso que estamos num momento crucial para a Europa. Os cidadãos sentem isso. Precisamos de fazer tudo o que pudermos para mobilizar as pessoas para estas eleições, para votar em partidos democráticos. E, claro, hoje quero convencer os eleitores a votar nos Verdes,” defendeu.
Para o candidato do grupo da Esquerda, Walter Baier, membro do Partido Comunista Austríaco, a resposta contra o crescimento da extrema-direita passa por mais respostas para os problemas sociais dos cidadãos.
“As pessoas sentem-se inseguras quanto ao seu futuro e essa insegurança torna-as furiosas, leva-as a virar as costas à democracia. E acredito que se quisermos realmente derrotar a extrema-direita, tem de se garantir que as pessoas têm uma vida digna e decente,” afirmou.
Os dois grupos políticos visados, os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e o Identidade e Democracia (ID), optaram por não indicar candidatos cabeças de lista. É por essa razão que, dos sete grupos políticos do Parlamento Europeu, apenas cinco estão representados.
De acordo com o alinhamento preparado pela Eurovisão, os cinco candidatos debatem temas Economia e Emprego, Defesa e Segurança, Clima e Ambiente, Democracia e Liderança, Migração e Fronteiras, Inovação e Tecnologia.
As perguntas serão feitas pelo público no plenário, pelos espectadores que assistem aos eventos organizados pelos Gabinetes de Ligação do Parlamento nos Estados-Membros da União Europeia, ou submetidas através das redes sociais também pelos dois moderadores.
Os candidatos também enfrentarão questões individuais pelos moderadores em segmentos chamados "Spotlight", uma nova componente do Debate Eurovisão 2024.