Defesa europeia. Líderes da UE reúnem-se com NATO e Reino Unido para debater despesa militar
UE debate o reforço da cooperação e investimento militar face à "guerra na Ucrânia”, "ameaças híbridas" e incertezas sobre posição dos EUA
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Os líderes da União Europeia reúnem-se, esta segunda-feira, em Bruxelas para uma reflexão sobre defesa europeia, com o objetivo de preparar decisões futuras e definir orientações para “um livro branco” sobre os gastos militares, a apresentar ainda este ano.
A reunião informal, convocada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, visa discutir formas de reforçar a segurança e a autonomia estratégica da UE num contexto de crescentes desafios geopolíticos.
“A Europa tem de assumir uma maior responsabilidade pela sua defesa”, sublinhou António Costa na carta-convite enviada aos líderes europeus, salientando que a UE deve tornar-se “mais resiliente, mais eficiente, mais autónoma e um interveniente mais fiável no domínio da segurança e da defesa”.
O debate será centrado em “dois princípios fundamentais”: o reforço do investimento em defesa e uma maior cooperação entre os Estados-membros para garantir economias de escala, interoperabilidade e previsibilidade para a indústria.
Os chefes de Estado ou de Governo vão discutir a necessidade de “investimentos substanciais” para reconstituir reservas militares e dotar a União Europeia dos meios necessários para uma maior autonomia. “Sabemos que são necessários mais investimentos substanciais no domínio da defesa para reconstituir as reservas, melhorar a prontidão da nossa defesa face a um vasto leque de ameaças (…) e reforçar em conformidade a base tecnológica e industrial da defesa europeia”, afirmou António Costa.
Vincando que “os Estados-Membros serão sempre responsáveis pelas suas forças armadas”, Costa alerta para o “interesse comum” de uma cooperação mais estreita “a nível europeu a fim de maximizar as economias de escala e reduzir os custos, garantir a interoperabilidade, assegurar uma procura estável e a longo prazo – de modo a proporcionar maior previsibilidade à nossa indústria – e evitar redundâncias”.
“O nível de investimento, nomeadamente em investigação e desenvolvimento, necessário para reforçar a nossa capacidade não é comportável para cada Estado-Membro agindo isoladamente”, alerta António Costa, considerando que “uma defesa eficaz é um 'bem comum' que beneficia todos os europeus”.
A reunião contará com a presença do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, que participará no almoço de trabalho para debater a cooperação UE-NATO e o apoio europeu à Ucrânia. Mais tarde, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, junta-se aos líderes europeus à mesa de um jantar de trabalho, naquela que será a sua primeira reunião com os 27.
A reunião arranca às 11h00, no Palácio de Egmont, em Bruxelas, com uma troca de impressões com a presidente do Parlamento Europeu, seguindo-se um primeiro debate a 27, antes do almoço com Mark Rutte. O período da tarde será dedicado a uma segunda sessão de trabalho, com a cimeira a terminar ao final do dia com o jantar entre os líderes europeus, com a presença do primeiro-ministro britânico.
A cimeira decorre num momento de crescente instabilidade internacional, marcado pela guerra na Ucrânia e pela deterioração da situação no Médio Oriente e pela incerteza face ao posicionamento da nova administração norte-americana.
António Costa recordou que “a paz na Europa depende de a Ucrânia alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura” e defendeu que a UE deve reforçar a sua capacidade de resposta perante ameaças híbridas e ciberataques contra os Estados-membros.
O encontro desta segunda-feira deverá servir de base para novas decisões a serem tomadas no Conselho Europeu de junho, numa estratégia que pretende consolidar a defesa europeia como um pilar essencial da segurança global.