Demissão relâmpago em Paris: Sébastien Lecornu abandona o cargo ao fim de apenas 27 dias
O Governo francês cai menos de 24 horas depois de ser apresentado. Macron enfrenta nova crise política
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Paris vive um novo abalo político. O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, apresentou esta segunda-feira a sua demissão ao presidente Emmanuel Macron, ao fim de apenas 27 dias no cargo. O Palácio do Eliseu confirmou a decisão, encerrando um dos mandatos mais curtos da história recente do país.
A queda do Governo foi fulgurante. No domingo, Lecornu anunciou uma equipa de 18 ministros, mas a composição do novo Executivo gerou forte contestação política. Da esquerda à extrema-direita, as críticas multiplicaram-se: a oposição falou em “reciclagem”, “provocação” e até em “negação da democracia”.
Entre os mais duros críticos estiveram Marine Le Pen e Jordan Bardella, líderes do partido de extrema-direita União Nacional, que convocaram uma reunião de emergência para definir a estratégia parlamentar. Bardella já pediu publicamente a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de novas eleições.
No entanto, a crise estalou dentro do próprio Governo. Bruno Retailleau, ministro do Interior e simultaneamente líder do partido Os Republicanos, foi apontado como um dos principais responsáveis pela implosão do Executivo. Numa reunião convocada esta manhã, Retailleau afirmou que a nova equipa “não refletia a rutura prometida”, deixando no ar a possibilidade de os ministros republicanos abandonarem o Governo.
Essa posição fragilizou imediatamente Sébastien Lecornu, que perdeu o apoio interno e ficou sem garantias de lealdade no seio do próprio Executivo. Para figuras próximas de Macron, como Jean-Noël Barrot (Negócios Estrangeiros) e Gabriel Attal, Retailleau terá feito “chantagem política”, expondo perante a opinião pública a imagem de um poder dividido — um fator que acelerou a queda do Governo.
O primeiro Conselho de Ministros, previsto para esta tarde no Eliseu, foi cancelado. Emmanuel Macron enfrenta agora o desafio de formar um novo Governo, num parlamento fragmentado e perante uma opinião pública profundamente desconfiada da classe política.
A demissão relâmpago de Sébastien Lecornu marca mais um capítulo na crise política francesa, agravando a sensação de instabilidade que tem dominado o cenário político em Paris.
