Um mês depois da devastação provocada pelo ciclone Idai, Moçambique está de novo a braços com a fúria da natureza. O ciclone Kenneth já fez 38 vítimas mortais.
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Bairros completamente inundados, vias de acesso destruídas, e cidades totalmente isoladas. Era assim que, na última noite, encontrávamos a zona de Pemba, no Norte de Moçambique.
"O cenário era realmente catastrófico", descreve Carlos Almeida, coordenador da organização não-governamental (ONG) Helpo, que está a prestar ajuda humanitária em Moçambique.
"A cidade de Pemba estava isolada porque a estrada estava completamente bloqueada, uma vez que o rio subiu a esse nível", explica o voluntário.
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A precipitação foi provocada pela depressão atmosférica que teve origem no ciclone Kenneth, que atingiu a região na quarta-feira e que se dissipou no sábado, mas que deixou chuvas intensas que se devem prolongar durante mais uma semana.
O Kenneth é o primeiro ciclone, desde que há registo, a atingir o Norte de Moçambique, tendo já provocado 38 mortos, segundo os últimos número oficiais.
Quase 3.500 casas foram destruídas e há mais de 18 mil desalojados, mas as autoridades adiantam que o número de pessoas afetadas pelo ciclone ascende, pelo menos, a 168 mil.
Mas a calma acaba sempre por chegar, após a tempestade. Carlos Almeida conta que, esta manhã, Pemba acordou "com som, com alguns sinais de esperança", depois de, na última noite, a chuva ter parado - pelo menos, por agora.
"Ficou um grande rastro de destruição por toda a cidade, mas, aos poucos, as pessoas vão voltando à sua vida normal", diz o coordenador da Helpo. Agora, é preciso reordenar as tropas e fazer com que a ajuda vá até quem ainda não a recebeu. "Nas comunidades um pouco fora da cidade, o apoio não está a chegar", nota Carlos Almeida.
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"Neste momento, estamos a fazer uma entrega de comida na comunidade de Mieze, onde estão 210 pessoas alojadas na escola secundária", adianta o voluntário. Depois, a ajuda humanitária irá seguir para uma comunidade a cerca de 80 quilómetros de Pemba, onde serão distribuídos alimentos às famílias que perderam as suas casas.
Notícia atualizada às 12h56