Há zonas no país sem observadores da Sala da Paz devido à falta de segurança. São mais de cinco mil pessoas em Moçambique que não vão conseguir votar pelo medo ainda sentido no país.
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A violência fez parte da campanha eleitoral em Moçambique. Um desses momentos foi a morte de um observador eleitoral.
Anastácio Matavel era um dos mais conhecidos e respeitados ativistas da sociedade civil em Gaza. Foi morto a tiro quando saía de uma formação de observadores em Xai-Xai.
Osman Cossing, da Sala da Paz, uma plataforma de observação de eleições que agrega várias associações da sociedade civil, admite à TSF que o acontecimento fez crescer algum medo entre os observadores. "O assassinato dele efetivamente criou em nós alguma intimidação, algum receio, mas a perceção dos demais observadores vai mais no sentido de homenagear o nosso colega e de estar no terreno."
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Estão no terreno, mas Osman Cossing explica que há zonas no país sem observadores da Sala da Paz devido à falta de segurança. "Tivemos alguns eventos isolados que perturbaram a paz, alguns ataques. Alguns postos de votação não têm segurança garantida para que esta decorra de forma tranquila", relata.
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No entanto, Osman Cossing garante que o final da campanha foi mais calmo, e considera que o acordo de paz assinado em agosto entre a Renamo e a Frelimo trouxe um bom ambiente e mais confiança entre as forças políticas: "Havia grandes desconfianças em termos de relacionamento entre os atores políticos, e este acordo de paz veio, de alguma forma, serenar os ânimos ou veio criar alguma tranquilidade."
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Na perspetiva do representante da Sala da Paz, este clima de pacificação crescente era fundamental "para que a Renamo também pudesse fazer a sua campanha eleitoral tranquilamente, sem grandes problemas, para que também os cidadãos possam envoolver-se sem riscos de segurança".
São mais de cinco mil pessoas em Moçambique que não vão conseguir votar devido à insegurança ainda sentida no país. O jornalista Francisco Mandlate, do grupo Soico, contou à TSF que não foi possível fazer chegar urnas de votos a todos os locais.
Ainda assim, traça o mesmo cenário de serenidade nos últimos dias da campanha. "O que se espera é que a serenidade que se sente nesta altura possa prevalecer. Não se fala muito de violência, e algumas comunidades que estavam deslocadas já conseguiram, nos últimos dias, retornar às suas residências para poderem votar, numa ação de restabelecimento da ordem por parte das autoridades", revela o repórter.
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O jornalista Francisco Mandlate conta ainda que há número recorde de observadores para estas eleições: são 31 mil, 500 dos quais, estrangeiros.
"Pouco mais de cinco mil pessoas podem não conseguir o seu direito de votar por haver ainda alguns focos onde é um pouco difícil a alocação de assembleias de voto", contabiliza.
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Contudo, Francisco Mandlate prevê uma melhoria na consciência política entre os moçambicanos. "Há cada vez mais consciência por parte dos cidadãos de que o destino do país está nas suas mãos, e são os próprios cidadãos que devem decidir que Moçambique querem."
"É disto que se fala nas redes sociais, nas ruas: do processo de votação. Vamos ver se isso se vai materializar", remata.