Depois das fortes chuvas, cabo-verdianos não escondem "revolta" perante "destruição" e lamentam falta de apoios
Um grupo de jovens uniu-se para distribuir comida na ilha de São Vicente, mas apela a "toda a ajuda possível"
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Depois das tragédias, é hora de limpar as feridas, os destroços e reconstruir o que a chuva destruiu em Cabo Verde. Pelo menos oito pessoas morreram na ilha de São Vicente e outras três estão desaparecidas. Em declarações à TSF, Debora Fanti, moradora naquela ilha, não esconde a revolta e queixa-se da falta de apoios.
"É muito revoltante para nós, porque as autoridades ainda não começaram a agir e não queríamos ficar à espera. Então organizámos um grupo, fizemos 200 marmitas e fomos distribuir pelas zonas com pessoas com mais necessidades", conta à TSF a cabo-verdiana Débora Fanti.
Na sequência das fortes chuvas nas ilhas de São Vicente e Santo Antão, Debora Fanti afirma que há pessoas abandonadas e com receio dos próximos dias e sublinha a insegurança e as dificuldades que têm tido, no que toca, por exemplo, aos acessos na ilha de São Vicente.
"Quando terminámos de cozinhar e organizar tudo já estava de noite, então tivemos de subir as montanhas no escuro porque não há luz, são zonas que nem têm condições para o carro ir, tivemos de subir a pé e tivemos medo de ser eletrocutados porque há fios no chão, há pessoas que morreram eletrocutadas nessas zonas", refere.
A ilha está irreconhecível e "destruída" e, segundo Debora Fanti, nem os familiares mais velhos se lembram de um episódio de chuvas como este. A cabo-verdiana criou um grupo para distribuir bens essenciais pela comunidade, mas apela "a toda a ajuda possível".
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram ruas inundadas e casas parcialmente destruídas, com pavimentos e calçadas levantados e detritos espalhados, evidenciando a força das chuvas.
Além disso, várias viaturas e estabelecimentos comerciais foram destruídos.
Cabo Verde decretou luto nacional de dois dias, a partir desta terça-feira, na sequência da passagem de uma tempestade que causou mortes e danos materiais nas ilhas de São Vicente e Santo Antão.
Portugal e São Tomé e Príncipe já manifestaram solidariedade com o povo cabo-verdiano e endereçaram condolências aos familiares das vítimas.
