Deputados pró-democracia de Hong Kong renunciam em bloco após aprovação de lei de segurança nacional
O Executivo de Hong Kong demitiu quatro deputados alegando que são uma ameaça para a segurança nacional.
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Hong Kong destituiu quatro deputados pró-democracia do Conselho Legislativo, após Pequim ter aprovado uma resolução que permite ao executivo do território depor os eleitos do cargo, caso constituam uma ameaça para a segurança nacional.
De seguida, todos os deputados a favor da democracia anunciaram que pretendem renunciar ao cargo. "Apoiamos os nossos colegas que foram expulsos. Vamos renunciar em bloco", anunciou disse Wu Chi-wai, representante dos 15 deputados pró-democracia.
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"Embora estejamos a enfrentar muitas dificuldades no futuro próximo na luta pela democracia, nunca, mas nunca desistiremos", disse Wu Chi-wai.
Wu disse que os legisladores pró-democracia vão entregar as suas cartas de demissão na quinta-feira. Durante a conferência de imprensa, os legisladores pró-democracia gritaram "força Hong Kong, permaneceremos juntos", de mãos dadas.
"Este é um ato de Pequim que visa soar o toque de morte na luta pela democracia em Hong Kong, porque eles pensariam que, de agora em diante, qualquer pessoa que eles considerem politicamente incorreto ou não patriota, ou simplesmente não lhes agradasse, poderiam simplesmente derrubá-lo", disse a legisladora pró-democracia Claudia Mo.
O anúncio surgiu após o Comité Permanente do Congresso Nacional Popular chinês ter aprovado uma resolução para depor os deputados que apoiem a independência da cidade, que se recusem a reconhecer a soberania da China no território, cometam atos que ameacem a segurança nacional ou contactem forças externas para interferir nos assuntos da ex-colónia britânica, de acordo com a agência noticiosa estatal Xinhua.
"Em conformidade com a decisão acima referida do Comité Permanente do Congresso Nacional Popular, o Governo [de Hong Kong] comunica [...] que os seguintes quatro membros perderão imediatamente os seus lugares: Alvin Yeung, Dennis Kwok, Kwok Ka-ki e Kenneth Leung", pode ler-se num comunicado do executivo.
Em conferência de imprensa, os quatro deputados expulsos consideraram que a decisão "constitui uma clara violação da Lei Básica", que garante autonomia ao território durante 50 anos após a transferência da soberania para a China, em 1997, denunciando ainda o desrespeito das garantias processuais.
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, deverá realizar uma conferência de imprensa para abordar a decisão.
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No final de junho, a China impôs uma lei da segurança nacional à antiga colónia britânica que pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua.
O diploma foi denunciado pelos Estados Unidos, União Europeia e organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos, que consideram que põe em causa a autonomia do território e ameaça as liberdades fundamentais, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas".
Notícia atualizada às 12h07