"Derrota de potência nuclear numa guerra convencional pode provocar uma guerra nuclear"
Na véspera de uma reunião na base da NATO, na Alemanha, Dmitry Medvedev apelida os aliados de Kiev de "miseráveis" e "foliões atrasados mentais" por continuarem a enviar armamento pesado para a Ucrânia.
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Dmitry Medvedev alertou, esta quarta-feira, o "Ocidente" contra o envio de armamento pesado à Ucrânia, afirmando que a derrota da Rússia pode provocar um conflito nuclear.
"Na base da NATO em Ramstein (Alemanha) os grandes líderes discutem novas táticas e estratégicas, assim como o abastecimento de novas armas e sistemas de ataque à Ucrânia. Isto acontece depois do Fórum de Davos onde foliões 'atrasados mentais' repetiram como um mantra:'para se conseguir a paz, a Rússia deve perder'. E a nenhum desses miseráveis lhes ocorre retirar uma conclusão elementar: a derrota de uma potência nuclear numa guerra convencional pode provocar uma guerra nuclear", disse o vice-presidente do conselho de segurança russo, numa publicação na rede social Telegram, na véspera de uma reunião na base da NATO, em Ramstein, na Alemanha.
"As potências nucleares nunca perderam grandes conflitos dos quais dependem o seu próprio destino", acrescentou. "Isto deveria ser óbvio para qualquer pessoa. Inclusivamente para um político ocidental que conserve, pelo menos, o mínimo rasgo de inteligência."
Os países que apoiam Kiev devem anunciar novas ajudas militares à Ucrânia.
A Rússia e os Estados Unidos detêm cerca de 90% das ogivas nucleares do mundo. Cabe a Putin a última decisão sobre a utilização de armas nucleares.
A NATO tem superioridade militar convencional sobre a Rússia, mas quando se trata de armas nucleares a Rússia tem superioridade nuclear sobre a aliança na Europa.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.