A decisão é encarada como um risco acrescido para a independência da publicação e a integridade jornalística.
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O diretor do maior portal de notícias húngaro, Index.hu, foi hoje despedido, numa decisão encarada como um risco acrescido para a independência da publicação e a integridade jornalística.
Em junho, o Index alterou a seu "barómetro de independência" de "independente" para "em perigo", após ser confrontado com planos da administração para reorganizar a redação, e que suscitaram uma forte oposição.
Numa nota publicada no Index, cerca de 90 trabalhadores consideram que o despedimento de Szabolcs Dull como "uma óbvia tentativa de exercer pressão", tornando impossível o trabalho independente na redação.
"Para nós, esta decisão é inaceitável", indicam no texto.
"Há anos que consideramos duas coisas como condições para uma atuação independente do Index, a não existência de pressões externas nos conteúdos que surgem no Index e na composição da redação", acrescentam.
O Index inclui-se entre um pequeno grupo de 'media' digitais independentes que registam grandes dificuldades financeiras e permanecem submetidos a fortes pressões do Governo nacionalista conservador de Viktor Orban na sua tentativa de controlo quase absoluto dos media húngaros.
"A minha mensagem permanece, o Index é uma poderosa fortaleza que eles querem fazer explodir", referiu Dull num discurso de despedida perante a redação do Index, e cujo vídeo foi divulgado noutro portal noticioso, o 444.hu.
Na avaliação global sobre a liberdade de imprensa em 2020 elaborada pelos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Hungria desceu dois lugares e encontra-se na 89.ª posição entre 180 países. Em 2013, ocupava o 56.º lugar.
Os RSF referiram-se às distorções do mercado mediático húngaro, em que centenas de novas ferramentas noticiosas pró-governamentais estão dependentes de um organismo sob estrito controlo do poder e que beneficia de amplos subsídios por parte do Estado.