Donald Trump anuncia esta quarta-feira novas tarifas sobre todos os países
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As quartas-feiras, na Casa Branca, já são conhecidas como o dia das decisões, mas Trump já tinha anunciado que a data de 2 de abril, iria ficar conhecida como o "Dia da Libertação". Após desafiar todos os membros da Administração norte-americana a pensar sobre novas taxas para a construção de uma tarifa única mundial sobre as importações, é expectável que o presidente dos EUA anuncie novidades.
Seja qual for a decisão, em pouco mais de dois meses de governação, já provocou incerteza global e fez disparar as campainhas para o risco de uma recessão, ainda de consequências incalculáveis, como revela à TSF um especialista em macroeconomia.
Tarifas a subir 25%, talvez mais, talvez menos. A dança de decisões de Donald Trump provam que, em avanços e recuos, a única certeza é mesmo a incerteza, que não vai acabar tão cedo, no entender de Bruno de Moura Fernandes, responsável global de pesquisa macroeconómica da COFACE, consultora que se assume como líder mundial em seguro de crédito.
Ultrapassado o respeito americano pelas regras do livre comércio do século XXI, aumenta o risco de um travão a fundo da economia mundial, um retrocesso histórico em 220 anos.
A angústia com a política protecionista norte-americana já se nota na retração do consumo das famílias e diminuição do investimento das empresas e já se vê na descida de 10% da bolsa norte-americana. Aliás, Wall Street registou já em 2025 o pior primeiro trimestre em três anos.
O FMI já preveniu sobre o impacto significativo da política protecionista sobre países importadores em mais de 80% nos produtos dos EUA, como o Canadá, ou o México, mas também avisou que a própria economia norte-americana vai sofrer consequências.
A lista de congelamento de vistos limitados ao reconhecimento da identidade de género ou estatuto de potenciais emissores de criminalidade também já se nota na retração das viagens em época de Páscoa para os EUA, desde o Canadá às Caraíbas e Europa. Mantém-se uma ligeira procura de europeus por Nova Iorque, especificamente.
Já os direitos aduaneiros de 25% aplicados à importação de automóveis e peças, com a indústria mundial a alertar para choques na cadeia de abastecimento, no entender deste analista, também ajudam a explicar a perda de 800 mil milhões da Tesla nos últimos três meses, além dos protestos nas ruas que se estão a espalhar pelo planeta.
O mundo globalizado é bem diferente daquela que foi a ignição da prosperidade norte-americana há quase dois séculos e meio. Só Donald Trump não percebe, ou não quer perceber isso.
Agora, há que ficar atentos aos efeitos de fenómenos de protesto, uma vez que podem ser pontuais, mas também de longo prazo. Exemplo disso é o boicote ao número máximo de produtos americanos que começa a aparecer em algumas geografias e estão sob o radar de observação dos especialistas em economia mundial.
