Dia do Trabalhador em França: Protestos sociais são "uma vitória para os sindicatos"
Milhares de pessoas voltaram esta segunda-feira a sair à rua nas principais cidades de França no Dia Internacional do Trabalhador.
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O primeiro de maio em França decorre com um desfile sindical unido. Um dia "histórico" para as centrais sindicais, uma vez que há 15 anos que os sindicatos não se uniam com a mesma bandeira para o Dia Internacional do Trabalhador. Foram anunciadas 300 manifestações em todo o país, que também marca o 13º dia de mobilização contra a reforma das pensões.
Este é "um grande dia de união sindical", descrevem os dirigentes sindicais no cortejo de Paris. Os sindicatos querem fazer deste 1º de maio uma manifestação "massiva" e "popular" contra a reforma das pensões. O executivo de Emmanuel Macron espera o fim dos protestos sociais, antes de prosseguir com outras reformas laborais.
Para o investigador Karel Yon e sociólogo especializado em movimentos sociais, os protestos desde o mês de janeiro já representam uma vitória dos sindicatos. "É um momento histórico porque nunca tínhamos visto uma mobilização tão massiva durar tanto tempo. Claro que já tivemos grandes protestos sociais, com milhões de pessoas nas ruas. Mas um movimento a prolongar-se durante vários meses com esta intensidade, e as manifestações deste primeiro de maio vão confirmá-lo, cria um novo momento ao movimento, que permitiu aos movimentos sindicais reafirmar os compromissos políticos e sociais. E isto representa um momento de vitória para os sindicatos", defende o investigador.
Também o executivo francês preparou um dispositivo de segurança "histórico" para acompanhar as 300 manifestações que decorrem esta segunda-feira. Segundo o Ministério do Interior, 500 a 600.000 pessoas são esperadas em Paris neste dia do Trabalho. O tribunal de Paris validou, sem restrições, o uso de drones pela polícia durante a manifestação na capital francesa. Uma medida contestada pela Associação de Defesa das Liberdades Constitucionais, Jean-Baptiste Soufron. "O problema é que a decisão tomada pelos governos civis é ilegais. As câmaras dos drones que vão filmar as pessoas a manifestar não tem uma base legal, que corresponda à lei francesa, para o fazer. Isto é inadmissível porque a partir do momento em que fazemos só pode ficar pior", alerta o advogado da associação.
O governo quer travar os movimentos sociais. A primeira-ministra Elisabeth Borne quer ouvir os sindicatos esta semana para tentar retomar o diálogo. Segundo Thomas Cavel, secretário-geral da CFDT dos trabalhadores ferroviários, "os últimos meses deixaram feridas e a retoma de diálogo com o executivo não vai ser fácil".
A partir de amanhã, terça-feira, os deputados regressam ao hemiciclo da Assembleia Nacional, depois de um intervalo de duas semanas. As oposições já avisaram que não vão facilitar a vida ao executivo de Emmanuel Macron.