Dias santos
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À sexta-feira de manhã os mercados enchem-se de cores, de barulho, de gente. Na Cisjordânia e em Israel, por algumas horas, quase parece um dia normal e estranhamente comum, apesar de tão afastados. Dia santo para os palestinianos, quase dia santo para os judeus, que o sabat começa logo ao pôr do sol, mas o comércio fecha antes.
Há de haver alguma explicação científica que para o facto de solos tão duros, tão secos, produzirem fruta e legumes de cores tão gritantes. Será, porventura, alguma forma de compensação.
E parecem ser exatamente os mesmos, (exceto a variedade) no mercado de Ramallah e no mercado de Jerusalém Ocidental, os produtos que se procuram à sexta-feira.
O pão; de olhos fechados, nenhum judeu saberia que estava a comer pão saído de mãos palestinianas, e vice-versa.
Também apreciam, por exemplo, os mesmo tomates, os mesmos pepinos doces, os mesmos temperos escolhidos num labirinto de montinhos de pó.
Nesta altura do ano são imprescindíveis, para uns e outros, as romãs, as laranjas, os dióspiros. Sempre minúsculos, e talvez por isso, mais saborosos.
A carne; nem judeus, nem palestinianos comem porco, por exemplo. Ambas as religiões exigem rituais minuciosos na criação e sobretudo no abate dos animais que lhes chegam à mesa.
Halal, a carne que os muçulmanos consideram "própria" e Kosher, a carne "adequada" para os judeus, segue tantas normas desde o nascimento do animal que daria para encher verdadeiros tratado religiosos.
O mais importante é que muçulmanos e judeus não toleram o sofrimento dos animais que comem.
