Estudo que avaliou dados de mais de 60 mil britânicos ao longo de quase 10 anos estabelece uma ligação direta entre a alimentação e o risco de demência.
Corpo do artigo
A dieta mediterrânica pode reduzir em 23% o risco de demência, conclui um estudo publicado pela revista médica digital BMC Medicine, que avaliou dados de mais de 60 mil britânicos ao longo de quase 10 anos.
A investigação comprova que quem segue a dieta mediterrânica - incluindo na suas refeições mais frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras insaturadas, como o azeite - tem menos risco de sofrer demência comparativamente a quem tem outro tipo de alimentação, mesmo que exista risco genético de contrair a doença.
O estudo tem, no entanto, várias limitações: foi centrado em britânicos com antecedentes europeus, excluindo minorias como os asiáticos e afrodescendentes. Também não foram levados em conta hábitos de alimentação característicos dos britânicos, como a forma diferente de se cozinharem batatas, por exemplo.
Outro fator a ter em conta não está diretamente relacionado com o que se come, mas sim com os hábitos que acompanham a refeição: os povos dos países mediterrânicos gostam de se sentar e conviver à mesa, o que favorece as relações interpessoais.
Em declarações à TSF, Maria do Rosário Zincke dos Reis, vice-presidente da Associação Alzheimer Portugal, assume que não conhece o estudo em particular, mas confirma que é possível prevenir a demência, por isso mostra-se muito satisfeita com as conclusões.
"É uma ótima notícia", destaca. "Ainda por cima porque me parece ser um estudo muito robusto, com muitos participantes e vem no sentido daquilo que nós já sabíamos - que é possível prevenir a demência combatendo os fatores de risco".
TSF\audio\2023\03\noticias\14\maria_do_rosario_zincke_dos_reis_1_bom
Exercício físico, consumo de álcool moderado e alimentação saudável (como a característica da dieta mediterrânica) são os principais conselhos da Associação Alzheimer Portugal.
Estudos publicados na revista científica Lancet já tinham indicado que é possível prevenir a demência em 40%, mas Portugal não aposta devidamente na prevenção, lamenta Maria do Rosário Zincke dos Reis.
"Sabemos que em Portugal a percentagem do orçamento destinada à prevenção é muitíssimo diminuta. E não estou a pensar apenas nas demências, mas em termos gerais", aponta.
TSF\audio\2023\03\noticias\14\maria_do_rosario_zincke_dos_reis_2_prevencao
, até porque não existem ainda medicamentos capazes de curar a demência e o Alzheimer. "Era muito importante que a grande aposta fosse na prevenção, porque acaba por estar ao alcance de todos nós, desde que haja campanhas devidamente elucidativas sobre o assunto e isso não existe, pelo menos de forma sistemática e com verdadeiro impacto"