O Governo dinamarquês apresentou hoje um plano de 130 milhões de euros com 12 iniciativas para reforçar o combate ao terrorismo nos próximos quatro anos.
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O plano resulta de um relatório encomendado há um mês aos serviços secretos (PET) por causa dos atentados de Paris, e chega poucos dias depois dos ataques do passado fim de semana em Copenhaga, em que morreram duas pessoas, além do autor.
O executivo dinamarquês quer melhorar os meios de que a polícia e o PET dispõem, o que inclui maior vigilância e mais guarda-costas e mais recursos tecnológicos e de análise, por exemplo para detetar comportamentos ameaçadores nas redes sociais.
Aceder a «informações relevantes» sobre os passageiros de aviões, estudar a elaboração de um registo de utilizadores de cartões pré-pagos de telemóveis, alargar o âmbito da ação do PET, estreitar a colaboração internacional e impedir a radicalização nas prisões são outras das medidas propostas.
Uma parte dos fundos destinam-se a recolher e analisar informações sobre a ameaça terrorista no estrangeiro e reforçar as ações contra extremistas dinamarqueses que estejam fora do país, o que permitiria realizar escutas de nacionais sem uma ordem judicial.
A primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, disse, ao apresentar o relatório, que a polícia continua a investigar os atentados de Copenhaga e que, quando terminar essa tarefa, será elaborado um relatório em cuja redação colaborarão as várias autoridades envolvidas.
Esse documento global poderá desencadear novas iniciativas, avisou Thorning-Schmidt, mencionando, por exemplo, a criação de um registo nacional sobre câmaras de segurança.
A chefe do executivo, que antes dera a conhecer o plano aos líderes dos restantes grupos parlamentares, mostrou-se confiante em que as iniciativas que exijam mudanças legais sejam aprovadas «tão rapidamente quanto possível» para o que precisará do apoio de outros grupos, já que o Governo que dirige não tem maioria.
Lars Løkke Rasmussen, líder do Partido Liberal, principal força da oposição, manifestou o seu apoio, embora advertindo da necessidade de medidas adicionais relacionadas com os atentados do passado fim de semana.
Rasmussen e os líderes dos restantes grupos parlamentares do bloco de direita tinham exigido na quarta-feira mais meios e mais verbas para as forças de segurança e medidas para evitar a radicalização nas prisões.
Omar Abdel Hamid El-Hussein, um jovem de 22 anos nascido na Dinamarca e de origem palestiniana, abriu fogo no sábado num centro cultural onde decorria um debate sobre Arte, Blasfémia e Liberdade, ao qual assistia o cartoonista sueco Lars Vilks que tem a cabeça a prémio desde que, em 2007, desenhou o profeta Maomé com corpo de cão.
No tiroteio, morreu um cineasta dinamarquês de 55 anos e três polícias ficaram feridos.
Horas depois, El-Hussein matou a tiro um jovem judeu e feriu mais dois polícias que faziam guarda em frente a uma sinagoga.
El-Hussein foi abatido horas mais tarde pela polícia no norte da cidade, depois de responder com tiros às ordens policiais para parar.