Estão em causa "terapias para curar a homossexualidade" na diocese de Alcalá de Henares. Entre os queixosos estão várias organizações, sendo que o governo regional de Madrid ordenou agora uma investigação.
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Numa gravação oculta datada de 21 de março, um jornalista fazia-se passar por um "jovem confuso quanto à sua orientação sexual" e recebia a primeira consulta. As respostas dadas por uma doutorada em biologia, não identificada pelo jornal espanhol El País, adensaram as críticas à diocese. "A atração não faz justiça ao que significa quando se olha para alguém do mesmo sexo" e, "em última análise, o cérebro responde ao que está habituado" são algumas alegações gravadas.
Além da sessão de "terapia", o jornalista infiltrado diz ter recebido material de leitura para trabalhar em casa, no qual constava o livro "Terapia Reparativa Masculina", de Joseph Nicolosi, um polémico psiquiatra norte-americano e fundador da Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da Homossexualidade dos Estados Unidos da América.
O governo regional de Madrid anunciou que, depois de receber várias denúncias, abriu uma investigação para descobrir se a lei contra a homofobia foi violada no bispado de Alcalá de Henares, segundo noticia o El País.
De acordo com uma notícia publicada esta terça-feira no El Diário, a diocese alegadamente oferece estes cursos no seu Centro de Orientação Familiar, uma instituição episcopal que presta aconselhamento pessoal, familiar e espiritual às pessoas que o solicitem.
Bispo fala em "notícia falsa"
A organização Facua, a associação LGTBI Arcópoli e o deputado e membro do Más Madrid Eduardo Rubiño também apresentaram queixas. O Ministério das Políticas Sociais, que vai inspecionar a diocese, esclareceu que a investigação é um processo administrativo e não criminal e que, se a informação for verdadeira, a multa pode ir de 20 mil a 45 mil euros. Ainda é desconhecido o principal responsável por estas atividades.
O bispo de Alcalá, Juan Antonio Reig Pla, rejeitou todas as acusações, em comunicado emitido esta terça-feira. O bispo alegou que esta é uma "notícia falsa" com "velhas acusações".
Em 2012, Reig Pla defendeu, numa entrevista ao Religión y Libertad, que muitos "casos" de homossexualidade poderiam ser curados "com terapia apropriada" e com "castidade". No entanto, o bispo reiterou em várias ocasiões que não é homofóbico.