A direita italiana do primeiro-ministro Silvio Berlusconi falhou o objectivo de permanecer no poder em Milão e desalojar a esquerda em Nápoles na segunda volta das eleições municipais.
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Em Milão, uma projecção do instituto IPR Marketing para a televisão RAI concedia uma clara vantagem ao candidato da esquerda Guiliano Pisapia, que garantia 53,5 por cento dos votos contra 46.5 por cento para Letizia Moratti, a presidente da câmara cessante.
Capital económica de Itália, Milão é a cidade natal e bastião eleitoral da direita de Berlusconi há 18 anos, onde o primeiro-ministro instalou o seu império mediático Fininvest. Nos últimos 15 anos, a esquerda nunca tinha conseguido sequer uma disputa à segunda volta, sendo sempre derrotada no primeiro escrutínio.
Em Nápoles, a esquerda partia em desvantagem para a segunda volta face à direita aglutinada em torno do empresário Gianni Lettieri. No entanto, as primeiras projeções do IPR apontam para uma confortável vantagem do candidato da esquerda, o ex-magistrado Luigi de Magistris, com 61 por cento, contra 39 por cento para o seu rival.
O resultado do voto em Milão também é considerado como um teste nacional para Sílvio Berlusconi. Apesar de Pisapia ter optado por uma campanha apenas centrada nas questões locais. Analistas citados pela agência francesa AFP também sublinham a discrição dos principais líderes da esquerda italiana, como o chefe do Partido Democrata Pierluigi Bersani, que optou por o apoiar apenas numa ocasião.
Berlusconi, que apostou tudo nos resultados da primeira volta, procura minimizar desde há vários dias o impacto de uma dupla derrota em Milão e Nápoles.
Para demonstrar que controla o Executivo, o primeiro-ministro italiano convocou um conselho de ministros para terça-feira, logo após o seu regresso de uma cimeira bilateral em Bucareste e uma reunião da liderança do Pólo da Liberdade (PDL), onde segundo os comentadores poderá surgir a convocação de primárias e a escolha de um novo líder.
No entanto, Berlusconi parece no imediato empenhado em fazer esquecer rapidamente o revés eleitoral no seu bastião de Milão, para além de não apostar na convocação de eleições gerais antes da primavera de 2012.