Um dirigente chinês, responsável de uma comissão de planeamento familiar, defendeu que a China devia abandonar a política do filho único e substituí-la pela imposição de todos os casais terem dois filhos, gerando críticas por parte da imprensa oficial.
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Mei Zhiqiang, diretor adjunto da Comissão de Planeamento Familiar da província de Shanxi, apresentou a recomendação esta semana como forma de solucionar o problema crescente do desequilibro de géneros no país. «Devíamos garantir que as nossas políticas e sistema permitem aos nossos filhos ter dois filhos. Devem ter dois filhos», disse Mei, de acordo com o portal de notícias controlado pelo Governo sxrb.com.
O Global Times, jornal próximo do Partido Comunista, pediu hoje cautela em relação a novas propostas, alertando que uma política de dois filhos «não pode ser imposta aos pais chineses». «As intenções de Mei para remodelar a demografia da China podem ser as melhores, mas o pedido de uma intervenção administrativa direta para impor uma nova política sobre um assunto tão delicado deve ser revisto», escreve Liu Zhun, num editorial.
Numa tentativa de controlar o crescimento da população, a China introduziu, nos anos 1970, uma série de polémicas políticas de planeamento familiar que limitaram a maioria dos casais a ter apenas um filho.
Estas regras resultaram em repressão a famílias com mais de um filho, incluindo abortos forçados e esterilização, bem como pesadas multas. Esta política também levou a um enorme desequilíbrio de géneros, alimentado pela preferência das famílias em ter um rapaz.
Em 2014 nasceram na China 116 rapazes para cada 100 raparigas, enquanto o rácio total da população se ficou em 105 homens para 100 mulheres.