Cerimónia marcada por Lula não deverá ter presença de governadores estaduais próximos de Bolsonaro. Há um ano apoiantes do ex-presidente depredaram sedes dos poderes a exigir golpe de estado
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Um ano depois do mais grave ataque à democracia desde a redemocratização de 1985, o Brasil ainda lambe as feridas em clima de divisão.
Para assinalar a data daqueles ataques de 8 de janeiro de 2023 à sede dos três poderes, em Brasília, nos quais uma multidão de apoiantes de Jair Bolsonaro, inconformada com a derrota eleitoral de dois meses antes, depredou os edifícios enquanto pedia golpe de estado e intervenção militar, Lula da Silva, o vencedor e atual presidente, organizou uma cerimónia.
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Segundo Lula, a cerimónia serve para lembrar que exatamente um ano antes a democracia brasileira sobreviveu a um atentado. Para ela, convidou todos os governadores de estado a participarem mas alguns, os mais próximos de Bolsonaro, declinaram o convite, alegando férias, viagens e até consultas médicas, sintoma de que a divisão política no país subsiste um ano depois.
O evento, entretanto, terá a presença de 500 convidados, entre ministros, parlamentares e membros do Supremo Tribunal Federal, cuja sede foi a mais afetada. Um dos juízes, Alexandre de Moraes, incumbido de arbitrar as eleições de 2022, revelou em entrevista ao jornal O Globo que havia um plano naquele dia para prendê-lo e enforcá-lo.
Nas ruas, há manifestações pro-governo marcadas nas principais capitais mas nenhum protesto da oposição esperado, segundo a secretaria federal de segurança pública.
Até ao momento o Ministério Público denunciou 1413 pessoas: 1156 incitadores, 248 executores, oito agentes públicos e um financiador. O STF já condenou 30, a partir de denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral, cujas penas vão de três a 17 anos.
O grupo, que responde pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e deterioração de património tombado, foi condenado a pagar multa coletiva equivalente a seis milhões de euros.