Do "julgamento político" à "hipocrisia" da extrema-direita. Três protestos em Paris após condenação de Le Pen
A segurança será reforçada com o objetivo claro de manter a ordem e evitar confrontos entre os grupos
Corpo do artigo
Paris (França) é palco de três manifestações este domingo: uma do partido de extrema-direita União Nacional, outra do partido de Emmanuel Macron, Renascimento, e uma terceira organizada pelos partidos de esquerda. A mobilização da União Nacional surge na sequência da condenação de Marine Le Pen por desvio de fundos públicos, enquanto as outras duas são uma reação à manifestação convocada pela extrema-direita.
Na segunda-feira, Marine Le Pen foi condenada a quatro anos de prisão — dois dos quais em regime de detenção domiciliária com pulseira eletrónica — além de uma multa de 100 mil euros e cinco anos de inelegibilidade, com execução imediata. Desde então, militantes da União Nacional começaram a se organizar para apoiar a líder do partido nas eleições presidenciais de 2027.
Jean-Marc, militante da União Nacional, vê a condenação como uma decisão política e não como uma decisão judicial. "Sabemos perfeitamente que se trata de um julgamento político e, por esse motivo, consideramos que a democracia está em perigo", afirmou.
A distribuição de panfletos aumentou em todo o país, com o objetivo de mobilizar o maior número possível de apoiantes para o protesto na capital. Iolanda, reformada que apoia Marine Le Pen, prevê acompanhar a manifestação, mesmo que seja pela televisão. "Vamos ver, vou tentar estar presente. Mas, mesmo que não consiga sair de casa, vou acompanhar tudo pela televisão", disse.
Do lado da esquerda, a França Insubmissa juntou-se aos ecologistas para realizar uma manifestação contra o protesto da extrema-direita. Yasmine, militante de 26 anos, sublinha a importância de se fazer ouvir contra a crescente influência de Le Pen: "É importante mostrar que também estamos presentes contra a extrema-direita — eles manifestam e nós também."
Os militantes do partido Renascimento, de Emmanuel Macron, também se mobilizaram, espalhando cartazes por Paris para criticar a reação de Marine Le Pen após a sua condenação. Antoine, um jovem de 22 anos, denuncia a hipocrisia da líder da União Nacional, que, segundo o estudante, se apresenta como vítima apesar da condenação. "Manifestamos para expor a hipocrisia da líder da União Nacional, que, apesar de ter sido condenada por desvio de fundos públicos, ainda se apresenta como vítima", declarou.
Este domingo, Gabriel Attal, antigo primeiro-ministro, vai liderar o comício de apoio ao Governo em Saint-Denis. Em Paris, os partidos de esquerda concentram-se na Praça da República, enquanto a União Nacional reúne os seus apoiantes na Place Vauban, com uma estimativa de mais de oito mil pessoas presentes.
Apesar da expectativa de grandes mobilizações, Laurent Nuñez, chefe da polícia de Paris, afirmou não ter "receios particulares" quanto às manifestações. A segurança será reforçada com o objetivo claro de manter a ordem e evitar confrontos entre os grupos.
