Dois franco-israelitas acusados de "execuções arbitrárias" de civis em Gaza: encontradas "provas significativas"
Os atiradores integram uma unidade das forças israelitas em Gaza denominada Unidade Fantasma, uma brigada de paraquedistas constituída principalmente por soldados israelitas com dupla nacionalidade
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A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) denunciou esta terça-feira perante a Unidade de Crimes de Guerra do Tribunal de Paris dois atiradores israelitas com dupla nacionalidade francesa por alegadas “execuções arbitrárias” em Gaza.
Além da FIDH, juntaram-se ao processo várias organizações palestinianas e francesas de defesa dos direitos humanos como partes civis, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
Acusam os soldados franco-israelitas, membros das forças de ocupação em Gaza, de atentados intencionais contra a vida do povo palestiniano, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes de genocídio, anunciou a FIDH em comunicado.
Associações como a Liga dos Direitos do Homem (LDH), o Centro Palestiniano dos Direitos do Homem (PCHR), Al-Haq e Al-Mezan disseram ter encontrado “provas significativas” de que os atiradores efetuaram “execuções arbitrárias” contrárias ao direito internacional.
Algumas das execuções terão ocorrido no hospital Nasser em 2024.
Os atiradores, segundo as associações, integram uma unidade das forças israelitas em Gaza denominada Unidade Fantasma, uma brigada de paraquedistas constituída principalmente por soldados israelitas com dupla nacionalidade.
A ação judicial baseia-se em provas recolhidas por um jornalista palestiniano, Younis Tirawi, que reuniu documentação para provar a existência desta unidade militar e provas visuais dos assassínios. As organizações de defesa dos direitos humanos reforçaram a investigação específica de Tirawi com a recolha de testemunhos de várias vítimas que foram cruzados com informações de fontes abertas. O trabalho de Tirawi levou o Ministério Público belga a abrir um inquérito em outubro de 2024 a outros membros da unidade de atiradores.
Foi também aberto um inquérito na África do Sul.
A FIDH anuncia que, em breve, serão apresentadas queixas semelhantes aos tribunais de outros países europeus, como a Itália, onde está a preparar a acusação dos atiradores da Unidade Fantasma, juntamente com a organização nacional StraLi.
Em dezembro de 2024, a FIDH associou-se a uma outra ação penal privada em França contra um soldado franco-israelita por atos de tortura e tratamento degradante de detidos palestinianos, mas nunca foi aberta qualquer investigação.
A atual guerra na Faixa de Gaza, um enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes, começou em outubro de 2023, após um ataque do grupo extremista Hamas contra Israel que causou cerca de 1200 mortos e 251 reféns.
A ofensiva militar israelita que se seguiu ao ataque provocou mais de 55.600 mortos, a destruição de grande parte das infraestruturas do território e uma crise na assistência da população, que se viu privada de ajuda alimentar e médica.
Das 251 pessoas raptadas em Israel em outubro de 2023, 49 continuavam detidas em Gaza, mas 27 delas foram declaradas mortas pelo exército israelita.
