Dois cidadãos norte-americanos "retidos" no Iémen foram libertados, após mediação de Omã, e transportados, este sábado, para Mascate, num avião do exército omanense para regressarem a casa.
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Citando um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros de Omã, a agência oficial Ona precisou que os dois cidadãos norte-americanos tinham embarcado no mesmo avião que, horas antes, transportara feridos do massacre do fim de semana passado em Sanaa, a capital iemenita controlada pelos rebeldes xiitas Huthi, para receberem tratamento no sultanato.
A agência oficial omanense não revelou a identidade dos dois norte-americanos e também não referiu nem as razões nem a duração da sua "retenção" no Iémen.
A mediação de Omã foi levada a cabo para "ajudar o Governo norte-americano a obter a libertação de um determinado número de norte-americanos retidos no Iémen", declarou o porta-voz do MNE.
"Dois deles foram libertados e transportados esta noite para o sultanato a bordo de um avião da força aérea omanense, para depois serem repatriados", acrescentou.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, congratulou-se hoje com a libertação de dois cidadãos norte-americanos "retidos" pelos rebeldes Huthi no Iémen devastado pela guerra.
Embora dizendo ser demasiado cedo para revelar as identidades dos norte-americanos desaparecidos, que foram transportados de avião para Omã, Kerry saudou a sua libertação que explicou ter sido fruto de muitos esforços diplomáticos nos últimos dias.
A sua libertação foi conseguida pelas "autoridades omanenses competentes, em coordenação com os interlocutores iemenitas em Sanaa", disse ainda o porta-voz omanense, referindo-se aos rebeldes Huthi e seus aliados, os apoiantes do ex-presidente Ali Abdallah Saleh.
A 20 de setembro, um cidadão norte-americano que dirigia, em Sanaa, um instituto de ensino da língua inglesa foi detido por homens que se identificaram como membros de um serviço de segurança dos rebeldes Huthi, de acordo com testemunhas.
Um responsável do grupo rebelde indicou depois que o homem tinha sido detido por "espionagem".
O avião omanense transportou, além dos dois norte-americanos, um grupo de "feridos iemenitas para serem tratados em hospitais do sultanato".
Em Sanaa, um responsável dos rebeldes Huthi, Mohsen al-Dhaheri, deu conta da partida para Omã de "mais de 111 feridos" vítimas do bombardeamento, a 08 de outubro, de uma cerimónia fúnebre na capital iemenita.
A coligação árabe que intervém no Iémen sob comando saudita reconheceu hoje ter "por erro" efetuado esse bombardeamento que, segundo a ONU, fez mais de 140 mortos e pelo menos 525 feridos.
Após este erro, a coligação prometeu rever as suas regras de envolvimento na guerra que conduz há mais de 18 meses contra os rebeldes e respetivos aliados.
O sultanato de Omã desempenhou o papel de intermediário na libertação de muitos estrangeiros, contribuindo nomeadamente para a libertação, no início de outubro, de Nourane Houas, funcionário franco-tunisino do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), após dez meses de cativeiro no Iémen, ou a da cidadã francesa Isabelle Prime, em agosto de 2015, após seis meses de detenção naquele país.
Ao contrário dos outros países da Península Arábica, Omã mantém relações com todos os protagonistas do conflito iemenita.
Está, assim, em diálogo tanto com os rebeldes Huthi, que tomaram o poder no norte do Iémen em 2014, e com o Governo, reconhecido pela comunidade internacional, do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, apoiado pela coligação árabe.