A partida está prevista para sexta-feira. Teresa Tito de Morais, Presidente do Conselho Português para os Refugiados, mostra algumas reservas com estas iniciativas individuais e alerta para os riscos envolvidos.
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Dois cidadãos portugueses partem esta sexta-feira para a Croácia para trazer duas famílias de refugiados para Portugal. Partem nos seus carros particulares e esperam chegar a Zagreb na próxima segunda-feira. A ideia é ajudá-los com documentação e pedido de asilo, garantindo entretanto casa e alimentação. Nuno Félix, um destes portugueses que parte no final da semana, explica que tudo será feito dentro da legalidade. "Vamos fazer tudo de acordo com a lei portuguesa de auxílio aos refugiados de guerra e de acordo com a convenção de Genebra", diz.
Há várias pessoas que estão a ajudar nesta iniciativa, nomeadamente juristas e os portugueses estão em contacto com associações na Croácia, que vão indicar quais os refugiados que podem vir para Portugal. Nuno Félix admite que "vão haver dificuldades" mas espera "compreensão das autoridades pela situação de emergência humanitária".
A ideia não é inédita. Segundo Nuno Félix, noutros países europeus já aconteceu cidadãos irem buscar famílias e tratarem do processo a título particular. Até porque, "há muita gente com vontade de ajudar os refugiados na Europa e há muita gente também que não está para ficar à espera do que a Europa e as instituições europeias decidam sobre a vida destas pessoas". Nuno Félix e Pedro Policarpo, o outro português que vai fazer a viagem, sentiram exactamente isso.
Teresa Tito Morais, Presidente do Conselho Português para os Refugiados, alerta para os riscos envolvidos nesta iniciativa que considera "uma atitude um pouco precipitada" e que envolve alguns riscos, especialmente legais, já que os refugiados vão viajar para Portugal sem papéis.
A responsável compreende que a sociedade civil tenha vontade de ajudar mas considera que este tipo de iniciativas são "atitudes isoladas e inconsequentes que obviamente não vão resolver o problema de fundo". Teresa Tito de Morais lembra que é preciso uma "iniciativa articulada" para resolver o problema. Por isso, é preciso "forçar os nossos governos a forçarem por outro lado um entendimento dos Estados Europeus no seu todo para encontrarem soluções para estas pessoas".