A instalação "Transferências Ibero-americanas" transporta o som de ruas de várias cidades para a cidade de Assunção, no Paraguai. Mas os sons de todo o mundo podem ser ouvidos também em Lisboa.
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Ouve-se um som de fundo até que o relógio próprio se dissolva no tiquetaque urbano. Em todas as ruas se encontra o ritmo circadiano das ruas, em todas as ruas se perde uma identidade sozinha. A cidade inspirou poetas como Cesariny, Neruda, que as via como um tesouro de "promessas ao alcance das mãos", Kafka, que elogiou o amor como "uma janela através da qual podia ver as ruas" e até o reacionário Luther King, com um olho poético sobre quem varria as suas ruas.
"Se alguém varre as ruas para viver, deve varrê-las como Michelangelo pintava, como Beethoven compunha, como Shakespeare escrevia." Nesta composição, o som é sinal de trânsito que dá luz verde a percorrer as avenidas musicais de todo o mundo.
O latir de um cão em Quito, a colisão de dois carros em São Salvador, uma demolição na Cidade do México, os elétricos de Lisboa, os autocarros de Lima ou o mar das Canárias. O som é o porta-voz e o primeiro cartão-de-visita em cada lugar do mundo.
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A Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitetos aderiu a uma instalação sonora na Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo (BIAU) que decorre até sexta-feira no Paraguai, com o objetivo de provar que "o som está sempre presente na arquitetura, vive na arquitetura".
A instalação sonora "Transferências Ibero-americanas" transporta o som de ruas de várias cidades em direto para a BIAU, que está a decorrer na cidade de Assunção no país americano.
A presidente da Ordem dos Arquitetos - Secção Regional do Sul, Paula Torgal, explica que decidiram aderir à iniciativa para ligar, como numa pauta de música,
os sons de elétricos lisboetas ao trânsito de Assunção, a capital paraguaia.
A organização decidiu transmitir em direto os ritmos de várias cidades ibero-americanas para conduzir uma reflexão ininterrupta sobre a diferença entre vários lugares do globo.
As cidades de timbre latino serão percorridas de um lado ao outro, da água que corre à foz do dia, quando o silêncio cala as avenidas.
A instalação pode ser ouvida na sede da Ordem dos Arquitetos em Lisboa até sexta-feira, entre as 13h00 e as 18h00.