Dos estrangeiros às contas públicas: imigrantes portugueses concordam que "tem de haver restrições"
Há num só bairro de Londres 30 mil portugueses. A TSF foi até lá perceber como é que eles olham para as eleições britânicas.
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Dos extremismos do UKIP aos conservadores, mas também aos liberais, todos defendem, em maior ou menor dose, restrições à entrada de imigrantes e cortes nos apoios de que beneficiam.
Em Stockwell, vivem, no cruzamento de três ruas, perto de 8 mil portugueses. No bairro são ao todo mais de 30 mil.
Chama-se Maria Isabel a novata deste conjunto. Só está em Inglaterra há um ano. Antes vivia na Suiça. No novo poiso, e tomando como amostra os portugueses, diz que há confortos que levam a abusos. Percebe por isso que seja preciso mudar as regras.
"Quando se ultrapassam certos e determinados limites, as coisas não podem funcionar e a economia começa a baixar", analisa, concluindo assim que "tem que haver restrições", porque "há muita gente que abusa".
É outra a perspetiva de João Vieira, que está em Inglaterra desde 1972. Já está reformado e nem quer ouvir falar da perda de regalias. Não vota nas legislativas, mas se votasse era nos trabalhistas, porque o governo de Cameron já lhe cortou no conforto: "Recebíamos um apoio para o aquecimento no inverno de 250 libras para cada casal e agora só dão 200 libras".
João Vieira diz que vai "sempre mais para o Labour".
Ao contrário, Joaquim Campos vota conservador. E vota mesmo, vai exercer esse direito amanhã. Está em Inglaterra há 21 anos. Em Portugal, andava pelas esquerda, mas aqui confia mais nos Tories. Acredita que eles vão pôr na ordem muitos imigrantes que agora dão má fama à comunidade portuguesa: os que só trabalham o mínimo necessário para garantir as ajudas do Estado.
Joaquim tem uma proposta radical. Diz que "deviam acabar com os subsídios todos". "Gostava de ver quem é que gostava de trabalhar", remata.
Noutra mesa, do mesmo café português de Stockwell, está João Cândido, na Inglaterra há quase 30 anos. A primeira vez que votou foi em 1990 e também já pôs a cruzinha eletrónica nestas eleições. Escolheu o Partido Trabalhista, porque é o que combina melhor com a condição dele: "É o Labour que eu voto sempre, sempre engracei com eles".
"Como em Portugal, era o Partido Comunista", compara, justificando: "Não é que eu tenha partidos nem sei discutir política, mas voto sempre neles"
Uma coisa não se pode negar: há coerência nesta escolha. Nem que seja semântica.