"Dualidade de critérios em relação à Palestina e à Ucrânia." Sánchez defende que UE falhou na resposta a Gaza
O primeiro-ministro espanhol critica a falta de respostas da União Europeia em relação ao conflito no Médio Oriente e fala numa nova ordem mundial, onde o bloco comunitário pode ter um papel de relevo
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"O que estamos a testemunhar agora em Gaza é talvez um dos episódios mais sombrios das relações internacionais no século XXI", defende Pedro Sánchez, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. O primeiro-ministro espanhol considera que a resposta da Europa e do Ocidente à guerra em Gaza "é um fracasso" e critica a dualidade de critérios em relação às guerras na Ucrânia e no Médio Oriente.
"A origem destas guerras é completamente diferente, mas, no final das contas, o mundo olha para a UE e também para a sociedade ocidental e pergunta: 'Por que é que vocês estão a adotar dualidade de critérios quando se trata da Ucrânia e quando se trata de Gaza?'", afirma o líder.
Nesta entrevista, horas antes do encontro com o primeiro-ministro do Reino Unido, Pedro Sánchez defende que a União Europeia devia começar por suspender a parceria estratégica que tem com Israel e impor sanções ao governo de Benjamin Netanyahu.
Pedro Sánchez lamenta as divisões que têm existido entre os 27 em relação ao tema, mas sublinha que a UE não pode demorar mais "se quiser aumentar a credibilidade em outras crises, como a que enfrentamos na Ucrânia".
Sobre a relação com os Estados Unidos, o primeiro-ministro espanhol destaca que os norte-americanos foram o principal arquiteto da ordem mundial, depois da Segunda Grande Guerra, mas são eles que agora estão a "enfraquecer" essa mesma ordem. "É, por isso, que acredito que há uma oportunidade para a União Europeia e também para o Reino Unido", ressalva.
Pedro Sánchez defende ainda que acolher migrantes não é apenas um dever moral, mas também uma oportunidade para enfrentar os desafios do crescimento económico e do mercado de trabalho e deixa críticas aos partidos de direita que têm adotado um discurso que nega a realidade da emergência climática.