O Comité Executivo da INTERPOL para a Identificação de Vítimas de Desastres em grande escala vai passar a ter um nome português. Duarte Nuno Vieira, catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra vai fazer parte deste comité enquanto Presidente da Rede Ibero-americana de Instituições de Medicina Legal e Ciências Forenses.
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O professor catedrático da Universidade de Coimbra refere que têm sido mais os pedidos de apoio a este Comité por parte da INTERPOL, sobretudo devido ao aumento do número de catástrofes naturais ou humanitárias.
Um terramoto, mas também um ataque terrorista podem ser cenários em que o Grupo de Trabalho em Patologia e Antropologia Forense da Interpol é chamado a intervir. Sempre que se excedem as capacidades de resposta de um país para a identificação de um grande número de vítimas mortais, este grupo entra em ação. Este responsável considera que existe, por parte deste grupo de patologistas e antropologistas forenses, "uma ligação muito especial àqueles casos que podem envolver a responsabilidade de terceiros, nomeadamente ataques terroristas", mas garante que "a componente fundamental é a humanitária".
Foi esta componente que levou este grupo, há pouco mais de um ano, à Ucrânia, após a queda do avião malaio, que levava 295 pessoas a bordo. "Um dos objetivos foi a identificação forense das vítimas desse incidente, porque é importante não apenas por razões administrativas e estatísticas, mas também por razões fundamentais e éticas", refere, acrescentando que o trabalho de identificação dos corpos das vítimas mortais serve "para uma família saber o que aconteceu, que o corpo do seu familiar está ali, poder prestar as homenagens fúnebres, sendo sempre fundamental para o desenvolvimento correto do processo de luto".
Duarte Nuno Vieira vai ser um dos sete elementos que compõem o Comité Executivo do Grupo de patologistas e antropólogos que ajudam a INTERPOL na identificação de vítimas. Em mãos têm ainda a constante adaptação do guia de trabalho, o DVI - Disaster Victim Identification.
"Permite que todas as equipas, independentemente do seu país de origem, trabalhem com o mesmo procedimento e com as mesmas metodologias. Repare o que seria chegar a uma zona de catástrofe e virem equipas do Canadá, do Chile, de Portugal e da China e cada uma trabalhar da sua maneira. Seria impossível coordenar", explica.
Recolher as vítimas, identifica-las e entrega-las às famílias é o lema de base que estes patologistas e antropólogos da Interpol levam para o terreno.
Para a missão ficar cumprida é preciso mais do que conhecimento científico ou avanços tecnológicos, como o ADN, é preciso comparar situações e juntar as informações dadas pelos familiares.
Aquele grupo de peritos inclui mais seis membros (Guy Rutty e Sue Black, do Reino Unido, David Ranson e Peter Ellis, da Austrália, Peter Knudsen, da Dinamarca, e Antti Sajantila, da Finlândia).