Barroso e o novo 1º ministro italiano manifestaram-se de acordo sobre a urgência de combater o desemprego jovem, que Enrico Letta classificou como «o maior pesadelo» do seu país e da União Europeia.
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Numa conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, depois de um pequeno-almoço de trabalho com "cappuccino" -- como revelou Durão Barroso -, Letta disse que, a par das garantias dadas ao presidente da Comissão sobre o compromisso do seu Governo em manter os compromissos assumidos por Roma com os parceiros europeus a nível de consolidação das contas públicas, manifestou o desejo de que o Conselho Europeu do próximo mês de junho tome medidas concretas que devolvam a esperança aos cidadãos, sobretudo aos jovens.
O primeiro-ministro italiano, que, na véspera, já se encontrara com o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, disse que as duas grandes prioridades do seu novo Governo são uma «reforma constitucional para restaurar a credibilidade da política italiana» e a luta contra «a emergência social e económica».
«Neste segundo ponto, mencionei ao presidente Barroso como esperamos que a luta contra o desemprego jovem, que, do meu ponto de vista, é o verdadeiro pesadelo do meu país mas também do resto da União Europeia, seja o ponto crucial da nossa luta», afirmou, acrescentando que também manifestou ao presidente do executivo comunitário «quão importante» é para a Itália que haja resultados muito em breve.
«Mencionei ao presidente Barroso como, para nós, é importante ter em junho - não no próximo ano, mas em junho -, alguns sinais importantes para os cidadãos europeus, no sentido de recuperar a esperança e a confiança. Para nós, esta é talvez a nossa principal tarefa», reforçou, comentando que, na véspera, no 1.º de maio, «houve poucos motivos para celebrar» o Dia do Trabalhador.
Por seu lado, José Manuel Durão Barroso lembrou que há um Conselho Europeu, já este mês (22 de maio), dedicado sobretudo a questões de energia e luta contra a fraude e evasão fiscal, mas garantiu que também é seu desejo que, na cimeira de líderes europeus de junho (dias 27 e 28), a par dos objetivos de reforço da união económica e monetária (sobretudo ao nível da união bancária), se possa fazer «mais» pelo crescimento na Europa - até porque a execução do chamado «pacto para o crescimento» está «aquém das expectativas», admitiu - e pela promoção de emprego entre os jovens.
Durão Barroso lembrou que, no quadro do orçamento plurianual da UE para 2014-2020 (ainda alvo de negociações entre Conselho e Parlamento Europeu), já está previsto um instrumento específico para o combate ao desemprego jovem, dotado com 6 mil milhões de euros, mas reconheceu que «a verdade é que este mecanismo, por si só, não pode resolver o problema», pelo que é necessário um «plano mais ambicioso» e «esforços mais céleres».
«Não podemos esperar mais, temos todos a consciência da urgência, sobretudo da urgência social», declarou.
De acordo com os mais recentes dados do gabinete oficial de estatísticas da UE (Eurostat), divulgados na passada terça-feira, a taxa de desemprego entre os jovens (com menos de 25 anos) era, em março, de 24% na zona euro e 23,5% na UE a 27, registando Portugal uma taxa de 38,3%, a quarta mais elevada da União, apenas superada pelas observadas na Grécia (59,1%, valor referente a janeiro), Espanha (55,9%) e Itália (38,4%).
Por fim, Durão Barroso saudou o facto de a «estabilidade política estar de volta a Itália», apontando que tal é uma «condição vital» para a execução das reformas e medidas de disciplina orçamental que considerou serem necessárias levar a cabo, e que não entram em qualquer contradição com a adoção de medidas para o crescimento.