Ricardo Castanheira, diretor na Microsoft Brasil, está temporariamente em Boston e diz que inclusivamente recebeu ordens para não abandonar os apartamentos onde está.
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O português Ricardo Castanheira, que está temporariamente em trabalho em Boston, descreveu esta cidade «como se estivesse absolutamente deserta», agora que as autoridades procuram o segundo suspeito das explosões de Boston.
«Não há serviços de táxi, o aeroporto está fechado. Praticamente não existe ninguém na rua e nós, inclusive recebemos ordens do reitor da Universidade [de Harvard] para não sair dos apartamentos», explicou.
Este português, diretor de Assuntos Corporativos de Microsoft Brasil e que se encontra nos apartamentos da Universidade de Harvard, acrescentou ainda que é frequente ouvir nesta região as sirenes dos carros da polícia.
«A cidade está suspensa e à espera de informações. Toda a gente está ligada à Internet e a ver televisão. É a única forma de relação com o mundo exterior que temos», adiantou este português, que chegou a Boston na véspera dos atentados.
Ricardo Castanheira, que está a partilhar um apartamento com um sul-africano e um árabe, disse estar a ser interessante ver as reações destas pessoas ao ataque de segunda-feira na zona de meta da Maratona de Boston, que matou três pessoas.
«Fica uma espécie de suspeição no ar e gera um incómodo para eles próprios. Estamos a falar de pessoas que não têm nada a ver com este comportamento, mas gera desconforto», sublinhou este português, que descreve Boston como uma «cidade tomada pelas forças armadas norte-americanas».
Este português, que explicou que as aulas estão suspensas em Harvard, disse ainda que sabe que há contactos entre esta Universidade e as autoridades pelos frequentes e-mails que recebe da reitoria desta instituição universitária.
As autoridades «estiveram e estão no campus, porque o campus é um alvo muito apetecível, mas, por outro lado, na perspetiva deles, é também um ambiente suspeito, porque tem uma diversidade multicultural».
Ricardo Castanheira disse ainda que a reitoria está a gerir a situação de forma «cautelosa» e que a «cada dez minutos recebemos uma informação sobre o que podemos e o que não podemos fazer e como a situação está a ocorrer».
Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, que trabalhou na Universidade de Harvard, é o segundo suspeito que a polícia procura deter. Este homem originário do Cáucaso, passou a infância no Quirguistão, mas vive há dez anos com a família nos EUA.