"É incompreensível como um povo que sofreu tanto pode infligir tanta crueldade." Judeus israelitas "imploram" por boicote a Telavive
Em declarações à TSF, a judia israelita Liad Holander sublinha que "Isrel não vai parar sozinho" e, por isso, pede aos Governos europeus que "se posicionem contra esta insanidade, contra este genocídio"
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À medida que sobe o número de mortos devido à fome imposta pelo Governo israelita na Faixa de Gaza, aumenta a pressão sobre Israel para deixar entrar alimentos no enclave, mas até agora sem qualquer sucesso. Em Portugal, Liad Holander faz parte de um grupo de judeus israelitas que pedem ajuda internacional para acabar com o "genocídio".
Em declarações à TSF, Liad Holander assume que não consegue compreender como é que quem perdeu família no Holocausto consegue impingir tamanha "crueldade" a outro povo.
Sendo uma israelita judia, cuja grande parte da sua família morreu em campos de concentração na Europa, é difícil descrever o quão doloroso é ver o que está a acontecer em Gaza. Por um lado, é incompreensível como um povo que sofreu tanto pode infligir tanta crueldade aos outros. Mas, por outro, temos de nos lembrar que a memória do Holocausto — esse trauma coletivo — prejudica o julgamento e a perceção da realidade de muitos israelitas.
A israelita garante, por isso, que o Governo de Benjamin Netanyahu só entende a linguagem da força: "Israel não vai parar sozinho." E confessa que a comunidade israelo-judaica está "perplexa com a falta de ação da Europa".
"Imploro aos Governos da Europa para que se posicionem contra esta insanidade, contra este genocídio. Está nas vossas mãos deter Israel através de um boicote e pressão económica", apela.
Ainda que sejam levantadas "hipóteses" sobre a razão pela qual o mais velho continente ainda ainda não agiu, Liad Holander afirma que nunca serão capazes de "entender".
"A catástrofe já é indescritível, mas um futuro ainda mais sombrio aproxima-se e a hora de agir é agora", urge.
Lamenta igualmente que a generalidade da população "não queira saber" sobre as dificuldades enfrentadas pelos palestinianos e nota que, em Israel, há também quem proteste todos os dias contra a política de Netanyahu.
"Há alguns israelitas em Israel que protestam todos os dias, que estão nas ruas e ao lado de bases militares, mostrando fotos das crianças que morrem em Gaza, com panelas vazias, estão a escrever petições. Mas, infelizmente, é uma minoria", reconhece.