São as terceiras eleições em quatro anos e todas marcadas pelo Brexit. As sondagens mostram que, com o aproximar da votação, está mais curta a diferença entre os dois principais partidos.
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Perto de 46 milhões de eleitores vão escolher 650 deputados, cada um eleito para representar um círculo eleitoral. A maior parte integra os diversos partidos, mas há também candidatos independentes.
O antigo deputado conservador Nick Boles definiu que o que está em causa nesta quinta-feira é uma escolha entre um mentiroso compulsivo e um defensor do totalitarismo. O mentiroso é Boris Johnson, Jeremy Corbyn é o que tem simpatia por sistemas totalitários.
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Esta é a primeira vez que Boris Johnson se apresenta a umas eleições como primeiro-ministro. Foi ele quem solicitou a realização de eleições antecipadas, mas a campanha do líder conservador teve alguns percalços. Os críticos levantaram dúvidas sobre se Johnson é de confiança, já que está a prometer tirar o Reino Unido da União Europeia até o final de janeiro e, de seguida, negociar com sucesso um novo acordo comercial. Boris Johnson avisou por diversas vezes que o Brexit estará em risco se os conservadores não tiverem uma maioria expressiva.
Durante a campanha, o primeiro-ministro esteve presente em diversos frente a frente com Jeremy Corbyn, líder trabalhista, mas recusou-se a dar algumas entrevistas e evitou ser o centro das atenções. Johnson rejeitou, por exemplo, o convite para participar num debate sobre o clima e foi substituído por um bloco de gelo a derreter-se.
Um outro momento marcou a campanha conservadora. Boris Johnson recusou-se a olhar para a imagem de uma criança deitada no chão de um hospital, supostamente por não ter cama. O primeiro-ministro tirou o telemóvel com a foto da mão de um repórter e colocou-o no bolso.
Nestas eleições, os conservadores têm como prioridades levar ao Parlamento, até ao final de dezembro, o projeto de acordo de retirada da União Europeia. O aumento do investimento no serviço nacional de saúde inglês, mais enfermeiros e mais polícias são outras das promessas eleitorais.
Por sua vez, os trabalhistas querem um novo referendo sobre o Brexit, assim que for alcançado um acordo de retirada. Jeremy Corbyn propõe ainda o aumento do apoio aos setores da energia e transportes e a melhoria do parque habitacional, das escolas e hospitais.
Na campanha, o líder trabalhista não esteve isento de críticas, o facto de não se decidir no debate do Brexit irritou os que querem ficar na União Europeia e os que querem sair. Também um programa com simpatias pelo socialismo, com nacionalizações em diversos setores, faz muitas pessoas optar por outros partidos.
Também as acusações de que, com Corbyn, o Partido Trabalhista passou a ser antissemita ajudaram os opositores.
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Uma das últimas sondagens, divulgada a dois dias das eleições, aponta para uma pequena maioria dos conservadores, mas os trabalhistas conseguiram reduzir bastante a desvantagem que tinham. A pesquisa feita pela empresa YouGov, especializada em sondagens, aponta para a eleição de 339 deputados conservadores, 231 trabalhistas, 41 nacionais escoceses e 15 liberais democratas.
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Boris Johnson teme que as sondagens, que apontam todas para a vitória dos conservadores, levem alguns eleitores a ficarem em casa. O primeiro-ministro tem avisado que o resultado não é garantido, porque a campanha tem mostrado um eleitorado dividido. "O perigo de outro Parlamento sem maioria é claro e real", defendeu Johnson, perante apoiantes em Staffordshire, no noroeste da Inglaterra. "Existem tentativas sofisticadas e bem financiadas para impedir uma maioria conservadora através de uma votação tática." Durante a campanha, vários candidatos retiraram-se da corrida para evitar que o circulo eleitoral caísse nas mãos dos conservadores. Foi, no entanto, uma estratégia decidida pelos próprios candidatos e não pelos partidos.
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Apesar dos avisos do primeiro-ministro, os defensores do Brexit só têm um partido no qual votar, o Conservador, já que o Partido Brexit, de Nigel Farage, retirou os 300 candidatos que tinha apresentado. Os votos dos opositores à saída da União Europeia dividem-se entre os trabalhistas e os liberais democratas, que não se entenderam nem quanto à apresentação de um candidato único nem em relação a uma estratégia para travar Johnson.
Um Parlamento sem maioria pode adiar, de novo, a saída do Reino Unido da União Europeia, que deveria ter acontecido já no passado dia 29 de março.
No registo eleitoral que aconteceu desde a marcação das eleições, os jovens disseram 'presente' - os números mostram que dois terços dos novos eleitores têm menos de 35 anos. De acordo com o jornal The Guardian, os jovens britânicos estão cada vez mais ativos politicamente e por diversas razões. Primeiro, porque têm mais probabilidades de ficarem endividados, depois porque têm pela frente um mercado de trabalho mais precário e, por fim, porque vão ter de pagar as contas de outras gerações.
De acordo com alguns estudos, nas últimas eleições, os jovens contribuíram bastante para a perda de maioria de Theresa May e, depois disso, assistiram a dois anos de discussões sobre o Brexit sem qualquer resultado. Entretanto, surgiram dois escândalos ligados ao referendo: o Cambridge Analítica e a violação da lei eleitoral pelos que defenderam a saída da União Europeia. Para os frustrados com a vitória do Brexit na primeira consulta pública, estas eleições são uma segunda oportunidade para mudar o curso da história. Entre eles encontram-se três quartos dos eleitores com menos de 30 anos que apoiam um segundo referendo.