"É preciso continuar a acreditar na diplomacia como caminho para o cessar-fogo na Ucrânia"
Em entrevista à TSF, a representante permanente de Portugal na ONU diz acreditar que a guerra na Ucrânia está para durar e lembra o papel central da UE no campo político e humanitário.
Corpo do artigo
A representante permanente de Portugal nas Nações Unidas, Ana Paula Zacarias, avisa que a guerra na Ucrânia ainda vai durar muito tempo. À margem da escola de verão da Comissão Europeia, que este ano decorre na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, nos Açores, a embaixadora portuguesa sublinha que o caminho vai continuar a ser o da diplomacia.
"É preciso continuar a acreditar que com diplomacia chegaremos a um momento em que é possível alcançar um cessar-fogo. Infelizmente, creio que este conflito vai ficar connosco durante muito tempo ainda", avisa Ana Paula Zacarias, em declarações à TSF.
TSF\audio\2022\09\noticias\02\z_guilherme_sousa_ana_paula_zacarias
Com a guerra na Ucrânia no horizonte, Ana Paula Zacarias apela a que não se esqueçam outros conflitos, seja na Ásia, África ou no Médio Oriente. Neste quadro, a embaixadora lembra o papel fulcral da União Europeia no campo político e humanitário.
"Por muito importante que este conflito (na Ucrânia) seja e por muita repercussão internacional que tenha, há outros conflitos ativos em todo o mundo. Há uma guerra na Síria, há conflitos no Mali, há guerras noutras regiões no mundo para as quais não podemos fazer de conta que não existem", lembra, sublinhando o papel fundamental da UE.
"A UE financia cerca de um quarto do Orçamento das missões de paz das Nações Unidas, a UE é o maior doador de fundos para ajuda humanitária do mundo, a UE é o maior financiador de ajuda ao desenvolvimento."
Num esforço de manutenção da paz mundial, Ana Paula Zacarias destaca a importância de manter o diálogo com as várias potências mundiais, como a China. Para a embaixadora portuguesa, é fundamental continuar as relações diplomáticas com Pequim.
"A China é um parceiro muito importante para nós ignorarmos. Temos de ter esse diálogo, temos de conseguir ter essa perceção do que a China quer fazer. A China é um parceiro em muitas áreas, nestas questões do clima, por exemplo, e por isso é preciso manter um diálogo", salienta a embaixadora, lembrando, no entanto, que a China tem problemas complexos de direitos humanos e não vê a democracia como os europeus.
Nesta conversa, à margem da escola de verão organizada pela representação da Comissão Europeia em Portugal, Ana Paula Zacarias elogia ainda o esforço e o trabalho desenvolvido pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, durante os últimos meses marcados pelo regresso da guerra à Europa.
