E se por um dia pudesse ver quanto ganham os seus colegas? Na Finlândia é Dia da Inveja
Ninguém admite, mas todos o fazem. O dia em que todos os cidadãos podem comparar rendimentos é um dia importante para os finlandeses.
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Com o mesmo orgulho que o Brasil tem o Carnaval ou Pamplona tem as corridas de touros, a Finlândia tem o "Dia Nacional da Inveja".
Todos os anos, no dia 1 de novembro, as declarações rendimentos de todos os cidadãos finlandeses estão disponíveis para consulta pública, escreve o New York Times.
Isso significa que qualquer pessoa pode saber quanto recebem todos os seus colegas de trabalho, quanto faturaram as startups emergentes e grandes empresas, que impostos paga o vizinho, quem está na mó de cima e quem está na falência.
"É como uma forma positiva de mexericar", descreve Esa Saarinen, professor de filosofia na Universidade de Helsínquia. Ninguém o admite, mas todos o fazem.
As habituais leis de proteção de dados num país que valoriza a privacidade dão lugar a um ritual público de comparação.
Em apologia da transparência, muitos acreditam, contudo, que o dia 1 de novembro é o segredo da Finlândia para combater as desigualdades salariais.
Se, por um lado, comparar o salário com o dos colegas pode levar os trabalhadores a exigir um aumento, quem não o consegue fazer passa a sentir-se mais desmotivado no trabalho e infeliz no geral.
Ser rico não é bem visto, fugir aos impostos muito menos. Dizem os finlandeses: "se tens sorte, esconde-a".