Roberson Pozzobon, um dos procuradores responsáveis pelo maior processo judicial do Brasil, está em Portugal para assinalar o Dia Internacional Contra a Corrupção.
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É um dos procuradores da Operação Lava Jato - o maior processo judicial do Brasil que tem arrastado partidos, políticos e empresários. Roberson Pozzobon está em Portugal para assinalar o Dia Internacional Contra a Corrupção. À TSF, ele falou sobre o fenómeno que hoje é assinalado no calendário, mas também sobre a investigação no âmbito do processo Lava Jato. Roberson Pozzobon considera que a justiça brasileira está a dar uma prova de vida.
É um caminho que se faz passo a passo, no qual há processos que são passos gigantes. Roberson Pozzobon, procurador brasileiro, reconhece que casos como o Mensalão e Lava Jato estão a contribuir para um ponto de viragem.
"São passos que têm sido dados pelo Ministério Público, pela justiça brasileira e outras instituições, no sentido de que as grandes instituições, até mesmo as elites, quando dão esses passos, são descobertas, processadas e os respetivos autores responsabilizados".
A Operação Lava Jato tem tido um outro efeito, na opinião deste responsável pela investigação: a esperança.
"Os cidadãos brasileiros estão mais despertos para uma atitude mais ativa contra esses comportamentos corruptos. Hoje, o Brasil manifesta-se nas ruas, mos media e nas redes sociais e procura novas soluções. Esta operação traz a esperança de que é possível combater os grandes corruptores e corrompidos de forma efetiva".
Roberson Pozzabon não subscreve a tese que o Lava Jato pode abanar a democracia. Diz que demonstra exatamente o contrário. "Demonstra que a corrupção não pode ser a regra, não pode acontecer. Esses crimes de colarinho branco devem ser combatidos conforme as regras do jogo democrático. É melhor resposta que se pode dar a estes casos".
O que começou por ser uma investigação a pequenos delitos financeiros transformou-se no maior processo de corrupção no Brasil. Lava Jato é, por isso, um símbolo de uma justiça mais eficaz.
"Tem mostrado um amadurecimento das instituições, e que elas funcionam melhor desde a última revisão constitucional em 1988. Consolidaram-se e podem aplicar a justiça de forma igual para todos".
Para o procurador brasileiro, que investiga o caso Lava Jato, a corrupção é um assunto prioritário. Roberson Pozzabon diz que, à semelhança do combate ao tráfico de droga, há uns anos, está a ganhar espaço na agenda das democracias.