O candidato às eleições na Venezuela espera que em 10 de janeiro "a vontade popular de oito milhões de venezuelanos se concretize”
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Edmundo González Urrutia, candidato presidencial às eleições na Venezuela, exilado em Espanha, afirmou esta sexta-feira, que a sua saída daquele país é “apenas temporária”. Naquela que foi a sua primeira intervenção pública, desde que chegou ao país vizinho, e que ocorreu no Foro La Toja, que decorre na Galiza, referiu que conta “tomar posse em janeiro como presidente da Venezuela”, e quem sabe até regressar antes dessa data. “O presidente [Nicolás] Maduro adiantou o natal para 1 de outubro, portanto, não seria estranho que se eu adiantasse também o meu regresso”, comentou Edmundo González, depois de ter manifestado a firme convicção de que o seu regresso estará para breve.
“Vou regressar à Venezuela o mais breve possível, quando se restabeleça a democracia no nosso país. E o dia 10 de janeiro é a data constitucionalmente prevista para a tomada de posse e aspiro a que a vontade popular de oito milhões de venezuelanos se concretize”, declarou, acrescentando que tem reunido cada vez mais apoios. “Em Nova York acabam de assinar uma declaração mais de 30 países reconhecendo-me como presidente eleito. Cada dia surgem mais apoios à minha candidatura como presidente eleito, estou muito satisfeito. E mais virão ainda”, disse numa conferência de imprensa realizada ao final da tarde desta sexta-feira, duas horas depois de ter feito uma intervenção formal no Foro La Toja. E durante a qual justificou que se viu obrigado ao exílio, face “a pressões inenarráveis e ameaças extremas”. E declarou ser “mais um” dos milhares de migrantes venezuelanos, mas com a missão de dar voz “à causa democrática venezuelana” na Europa.
“Como não me cansei de dizer e de o sublinhar com toda a força com que me senti capaz, a minha saída do país é apenas temporária. Mas vi-me obrigado a distanciar-me da Venezuela por causa de pressões inenarráveis e ameaças extremas que tocavam, inclusive, os mais próximos da minha vida familiar”, declarou Edmundo González Urrutia, referindo: “Sou mais um da nossa migração, forçado a deixar a nossa terra. Toca-me acompanhar a diáspora, uma quarta parte do nosso país, e transformar-me num porta-voz e gestor de quantas ações estejam ao nosso alcance ao mais alto nível com o fim de incrementar a solidariedade espanhola e por extensão do resto da Europa, com a causa democrática venezuelana”.
Edmundo González recordou que não é o primeiro venezuelano exilado em Espanha e que também cidadãos daquele país foram acolhidos e deixaram marca na Venezuela.
“Sinto-me duplamente duplamente agradecido pela bondade espanhola. Por um lado por me ajudar a fazer frente ao capítulo mais difícil e exigente que padeci na minha vida pessoal, graças aos generosos recursos que permitem o acionar diplomático dentro do previsto no Direito Internacional, e neste caso especifico relacionado com o mais estrito da sua aplicação no que toca a direitos políticos essenciais e sobretudo, como resultado da perseguição política”, destacou, acrescentando:
“Também devo a Espanha a possibilidade de que a minha voz se possa expressar sem mordaças ou dito de outro modo, com a liberdade que me permitem as circunstâncias de estar num país livre”, disse, referindo: “Enquanto estou aqui com a oportunidade de falar diante de vocês, os meus compatriotas padecem experiências terríveis neste momento”. Comentou que há cidadãos venezuelanos sujeitos a “exílio interior, produto do medo, da chantagem, da ameaça e da intimidação, que conduzem a sociedade a um forçado silêncio”.
Actas divulgadas esta semana pelo Centro Carter, durante o Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA), e tidas como originais, confirmam que Edmundo González Urrutia, obteve 67% dos votos, contra 30% obtidos por de Nicolás Maduro (um total de mais de quatro milhões de votos de vantagem).
“De um lado está a democracia e a justiça, e do outro o autoritarismo e o atropelo. Mas não há duas Venezuelas. Há uma só, a democrática, abalada por milhões de votos obtidos a 28 de julho passado e que justamente demonstrou, nessa exemplar jornada cívica, o quão arreigada está a cultura democrática na alma do venezuelano”, concluiu.
