O ensaísta viveu nove anos em Nice e cerca de 60 naquela zona da Côte d'Azur. "Sou daquele sítio quase tanto como de Portugal". Fala numa zona de cultura e de lazer que foi manchada de sangue.
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O Filósofo, ensaísta e Conselheiro de Estado considera que esta é uma página negra para a Europa.
"Foi a Europa da grande época, do início do século 20 que foi atacada no seu coração", diz o pensador. " Os que provocaram esse atentado quiseram ir contra um mundo e uma civilização que lhes é estranha mas que eles invejam e detestam ao mesmo tempo".
Eduardo Lourenço lembra que no século 20 Nice era o paraíso de férias dos nórdicos, especialmente dos ingleses. "Toda a aristocracia da Europa ia para ali. Hoje, curiosamente, é o paraíso dos sheiks e dessa gente rica do mundo árabe", sublinha.
O céu azul e o mar desta cidade têm inspirado escritores, pintores, músicos e até realizadores de cinema.Ingmar Bergman ou Woody Allen retrataram Nice. A cidade é uma espécie de segundo polo cultural em França, depois de Paris.
Eduardo Lourenço lembra que Picasso e Matisse, simultaneamente amigos e rivais viveram ali quase toda a vida e Henri Matisse escreveu... "Quando soube que ia ver esta luz todas as manhãs, nem pude acreditar na minha felicidade. Decidi nunca partir de Nice e ficar cá durante quase toda a minha existência".