Agência Europeia do Medicamento admite dificuldade para testar eficácia da vacina, em particular na variante sul-africana.
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A diretora executiva da Agência Europeia do Medicamento afirma que há ainda dúvidas por esclarecer, quanto à eficácias das vacinas sobre algumas das novas variantes do coronavírus. Emer Cooke admite que em relação à variante britânica, os testes laboratoriais aponta para uma possível eficácia. Mas, em relação a outras variantes, a realização de testes "é mais complicada".
"Até agora têm sido testes in vitro. E, a indicação inicial é de que estas vacinas vão continuar a serem eficazes, pelo menos da variante do Reino Unido", afirmou, admitindo, porém, que "a variante sul africana é mais complicada e precisamos de trabalho adicional para determinar a eficácia destas vacinas nas populações".
Ouvida hoje no parlamento europeu, a especialista disse que está em diálogo com 15 laboratórios, para novas vacinas, incluindo até com o fabricante russo da Sputnik V.
"Estamos em conversações com a empresa responsável por essa vacina", adiantou, acrescentando que os responsáveis da primeira empresa anunciar a descoberta de uma substância capaz de imunizar contra a Covid-19, "levantaram uma serie de questões em termos de aconselhamento científico. E, isso determinará como a avaliação poderá avançar no futuro".
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A diretora executiva da agência responsável pela avaliação de medicamentos na União Europeia esclareceu, porém, que "não houve qualquer pedido de avaliação, nem de autorização comercial" no que respeita à empresa russa.
Neste momento a União Europeia dispõe de duas vacinas com autorização comercial, e têm outras duas em fase de testes "avançados". Para já não há data para a conclusão da verificação da vacina da Johnson & Johnson. Mas, expectativa é que até ao final da semana haja luz verde para a vacina da AstraZeneca.
"Recebemos o pedido de autorização comercial de emergência para a vacina da AstraZeneca a 11 de janeiro. O nosso comité de especialistas vai reunir-se esta semana. A avaliação está a ser finalizada. Tenho a esperança que esteja concluído até ao fim desta semana", admitiu.
A Comissão Europeia promete não criar entraves à autorização, e tem como horizonte um prazo de 48 horas, para conceder a autorização comercial, logo que a Agência Europeia do Medicamento recomende o uso da vacina.
Mas, em relação ao produto desenvolvido pela multinacional farmacêutica, em parceria com a universidade de Oxford, já foram programados atrasos na entrega das doses contratualizadas com a União Europeia.
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O anúncio "surpreendente" da empresa sediada no Reino Unido foi já classificado como "inaceitável", pela comissária europeia da Saúde Stella Kyriakides.
Na sexta-feira passada, a empresa AstraZeneca informou a Comissão e os Estados-Membros da União Europeia que pretende fornecer nas próximas semanas "um número consideravelmente menor de doses do que o combinado e anunciado".
"A União Europeia quer saber exatamente quais doses foram produzidas pela AstraZeneca e onde exatamente até agora e se ou para quem foram entregues", afirmou a comissária, lembrando que "o desenvolvimento e a produção da vacina", foi financiado com dinheiro público europeu e a União Europeia "quer ver o retorno".
"A União Europeia apoiou o rápido desenvolvimento e produção de várias vacinas contra Covid-19 num total de 2,7 mil milhões de euros", apontou, exigindo "clareza nas transações e total transparência no que diz respeito à exportação de vacinas da UE".
A diretora executiva da Agência Europeia do Medicamento condenou os referidos atrasos programados para as entregas das vacinas da AstraZeneca, mas espera que a questão seja ultrapassada.
Já hoje, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen lembrou que "a Europa investiu milhares de milhões para ajudar a desenvolver as primeiras vacinas Covid-19 no mundo, (...) e agora, as empresas devem responder".
"Devem honrar os seus compromissos", disse a presidente da Comissão Europeia, anunciando a criação de "um mecanismo de transparência na exportação de vacinas".
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