El Jueves: Voltar ao trabalho? "Já te digo", responde, em tom de ameaça, o novo coronavírus

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A revista de imprensa internacional contada esta manhã, 15 de abril, na TSF.
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Há números que marcam presença - quase como abutres - nas capas dos jornais espanhóis. O FMI prevê desemprego de 21% e queda do PIB de 8% este ano, diz em manchete o El País. O La Razón põe a queda do produto interno bruto primeiro e o desemprego depois - nos 20%. O diário Cinco Días, que mostra o trambolhão económico com um gráfico, até coloca o próximo ano 2021, com a economia espanhola a crescer 4,3%, variação face a este ano e à tal queda. Na capa deste diário económico, lemos que o FMI receia um credit crunch mundial e estima em muitos milhares de milhões de dólares os ativos perigosos.
Na Turquia, não são 200 nem 2 mil, são 90 mil os presos que Erdogan vai libertar neste contexto de pandemia, lê-se no El País. O título da notícia diz-nos que a medida não inclui presos políticos - e há países onde o guarda-chuva é bem amplo, em "presos políticos" cabe quase tudo...
Na primeira do El País aparece Donald Trump a ler uns papeis. A foto-legenda diz-nos que o Presidente dos Estados Unidos quer a autoridade total na reativação, ou seja, tem a autoridade total de planificar o regresso à normalidade face ao poder que a Constituição reserva aos estados. E assim, do ignorar uma crise sanitária passámos ao abraçar de uma crise constitucional no país, a menos de sete meses das eleições.
O jornal ABC mostra a península ibérica em imagem de satélite, como que engolida por uma espécie de remoinho gigante, e chama-lhe "A Grande Depressão". Descida do PIB mundial em 3%, a maior recessão desde a histórica crise de 1929, 8 pontos no caso espanhol e desemprego a chegar aos 20,8% no que resta deste ano. A Itália e a Espanha, adverte o FMI, vão levar mais tempo a recuperar que o resto dos países desenvolvidos. A recuperação mundial será apenas no próximo ano, 2021, se não houver um regresso da pandemia.
O Voz da Galiza faz a manhchete apenas com duas palavras: choque económico. E a Quinta, a revista que sai às quartas - assim se apresenta esta publicação satírica - tem na capa um desenho com uma data de gente num avião, uns com máscara outros nem por isso, todos a cinzento; o título leva o amarelo da cautela no trânsito, mas é "Regresso ao Trabalho", sendo que há um bonequinho a verde, cara de novo coronavírus, no meio dos outros a ameaçar, "já te digo".
No China Daily, o Presidente chinês apela aos esforços conjuntos para combater o vírus. Garante este diário oficial chinês que a resposta do país ao contágio merece apoio. No também chinês, em língua inglesa, Global Times, lemos que a China lidera a investigação e desenvolvimento de uma vacina, numa altura em que o mundo atinge dois milhões de casos. O Shangai Daily diz que Shangai apoia a economia online, num plano de 12 áreas fulcrais de novas formas de fazer negócios. Neste jornal chinês, o dilema dos empregos em tempo de coronavírus, mas também o acordo histórico dos produtores de petróleo, vão cortar à produção mais de 12 milhões de barris por dia, para equilibrar o mercado.
No USA Today, a Páscoa mortífera avança pelo sul dos Estados Unidos. A foto de capa, com as marcas da tempestade, é do Texas. Há uma frase inquietante na primeira página deste jornal, por cima de um subtítulo, em que se diz que a resposta de emergência está a ser como foi planificada nos estados. Por cima disso, no canto superior esquerdo, podemos ler: "soubemos sempre da ameaça".
O Quotidien, no Luxemburgo, diz que para o lay-off, desemprego parcial assim lhe chama, 372 milhões de euros já foram desbloqueados.
Em França, o Les Echos fala na espiral de recessões, queda do PIB de 8%, défice de 9% em França, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial, isto num cenário de desconfinamento a partir de meados de maio. O País, em Angola, bebe da mesma fonte para fazer a capa da edição que está nas bancas esta manhã: FMI prevê recessão de 1,4%, este ano, em Angola.