O Nobel da Paz, que participa nas Conferências do Estoril, defende que o Egipto deve considerar alguns princípios da Constituição alemã. Mohamed ElBaradei afirmou ainda que vai concorrer às presidenciais.
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O prémio Nobel da Paz egípcio Mohamed ElBaradei admitiu que «gostava primeiro de ver uma Constituição» no Egipto baseada no modelo alemão antes das eleições.
O rosto da revolução egípcia, que falou à margem das Conferências do Estoril, sublinhou que «de acordo com o plano actual, é o próximo parlamento que deve ter uma assembleia constituinte, mas devia ser o inverso».
Num caso ou noutro, considerou ser importante «garantir pelo menos que há alguns princípios (na Constituição), um consenso nacional sobre princípios básicos (como) igualdade, natureza civil do Estado, direitos básicos».
«Devíamos procurar algo como o que está na Constituição alemã, que tem 20 artigos que não podem ser alterados e contém todos os direitos básicos, liberdade de expressão, de religião», sustenta.
Mais tempo antes das eleições também permitiria, segundo o antigo presidente da Agência Internacional de Energia Atómica, diminuir as desvantagens que os novos partidos enfrentam.
«Os partidos estão a formar-se agora e não me agrada a ideia de avançarmos para eleições dentro de três meses, porque não dá tempo para os partidos se aproximarem das pessoas, estabelecerem-se e passarem uma mensagem», explicou.
ElBaradei, que não gostaria de ver uma «transição apressada», lembra que «grupos organizados como a Irmandade Muçulmana terão mais vantagens que as pessoas mais novas que estão a criar os seus partidos».
«Pedir-lhes que criem partidos e concorram a eleições em três meses não as deixa no mesmo nível», disse o Nobel da Paz em 2005.
Às presidenciais egípcias, que se seguirão às legislativas, mas ainda não estão marcadas, «podem ser no final do ano ou no próximo», avança ElBaradei que reafirmou que pretende concorrer.
«Pretendo concorrer, mas sempre disse claramente que concorrerei quando houver uma infraestrutura democrática e é nisso que tenho estado a trabalhar com muitas outras pessoas», adiantou.
ElBaradei, que entende que a morte de bin Laden não passa de puro simbolismo, considerou ainda que o desaparecimento do terrorismo acontecerá quando se «combinar a liberdade, democracia interna e o sentimento que aquela parte do mundo é tratada como o resto do mundo».
«Há demasiadas guerras a acontecer no Egipto, Afeganistão, Iraque e na Palestina. É preciso trabalhar a nível interno e a nível internacional», concluiu.