O físico Carlos Fiolhais considera que "é preciso continuar a obra de Carl Sagan".
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Esta segunda-feira assinala-se o 25.º aniversário da morte de Carl Sagan. O cientista que ficou conhecido como autor de mais de 600 publicações e por ter escrito livros e séries televisivas de divulgação científica morreu no dia 20 de dezembro de 1996, aos 62 anos.
À TSF, o físico e professor universitário Carlos Fiolhais descreve o cientista norte-americano: ""Um grande cientista, especialista em assuntos planetários. Até de questões de biologia no espaço exterior, questões de procura de vida extraterrestre. Foi algo que ele avançou e hoje é um assunto que é ainda mais atual. Mas ele distinguiu-se, principalmente, pela defesa intransigente da ciência. Ele foi um grande comunicador científico. Ele tinha um carisma extraordinário. E a marca maior dele é o livro e a série televisiva 'Cosmos'."
O físico português denominou Carl Sagan de "senhor ciência" e afirma que o mundo atual precisa de alguém como Carl Sagan.
"Ele era o senhor ciência. E era um senhor ciência que nos convidava a todos para nos ligarmos à ciência. Ele conseguiu esta coisa extraordinária que foi levar a ciência a milhões de pessoas. Estamos a precisar agora, neste tempo da internet, de outro Carl Sagan que reinventasse a comunicação de ciência, tal como ele conseguiu, através da televisão, levar a ciência ao mundo todo. Nós estamos a precisar dessa mensagem", considera o físico português.
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Segundo Carlos Fiolhais, Carl Sagan profetizou as lutas entre a ciência e a anticiência que se vive atualmente. "No século passado disse que a ciência tinha um grande domínio do mundo. Tudo na vida dependia da ciência. Mas, por outro lado, as pessoas ignoravam a ciência. Ele dizia: 'Esta mistura entre ignorância extrema e saber extremos vai um dia explodir-nos na cara.' De facto, infelizmente, é isso que estamos a ver. A ciência está por todo o lado, mas ao mesmo tempo está por todo o lado a oposição à ciência. Os inimigos da ciência estão muito ruidosos", explica.
Nesse sentido, o docente universitário português refere que além de lembrar a memória de Carl Sagan, é necessário continuar a sua obra para que se saiba em que é que se pode confiar.
"É preciso continuar a obra de Carl Sagan. A memória dele está connosco e o trabalho dele é o trabalho de mostrar que precisamos de ciência para compreender o mundo, precisamos de ciência na nossa vida, precisamos de espírito crítico, precisamos de ter confiança nalgumas coisas, mas ter desconfiança noutras. E acima de tudo saber aquilo em que podemos confiar e aquilo em que não podemos confiar", conclui.