Eleição de Trump é "o fim de um sonho para uma América de maior igualdade". Vontade de deixar o país é "bastante grande"
Richard Zimler confessa, na TSF, acreditar que a vitória de Trump representa uma "mudança psicológica muito grande" para muitos norte-americanos, que passam agora a ter "um fascista, misógino e mentiroso compulsivo" na Casa Branca
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O escritor norte-americano Richard Zimler confessa estar "muito perturbado" com a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, afirmando que o "sonho para uma América de maior empatia, igualdade e solidariedade terminou".
O também jornalista e professor, que vive há vários anos em Portugal, tinha esperança na vitória de Kamala Harris.
"Eu e todos os meus amigos americanos estamos muito perturbados, porque, em parte, parece que o nosso sonho para uma América de maior empatia, igualdade e solidariedade terminou", conta, em declarações à TSF.
Richard Zimler afirma que está "muito preocupado" com o futuro do país, agora que Trump tem o Senado e, provavelmente, a Casa dos Representantes.
"Ele pode passar novas leis contra os direitos das mulheres, dos LGBT, dos imigrantes e pode vingar-se dos seus inimigos - ele já ameaçou isso várias vezes. Estamos realmente muito, muito, muito preocupados", lamenta.
O escritor acredita, por isso, que nos próximos tempos vai ser possível registar "um fluxo bastante grande" de pessoas a deixarem o país.
"Eu falei com um amigo meu, que é músico, que já está a procurar apartamentos em Madrid, porque ele já não aguenta os EUA. Tenho várias outras pessoas que estão a ameaçar mudarem-se para Portugal ou para a Europa. Acho que vamos testemunhar um fluxo bastante grande nos próximos meses. A vontade de sair dos EUA existe", garante, acrescentando que tem amigos de tal forma "perturbados", que ainda não saíram da cama, "porque só conseguem chorar".
Zimler acredita que a vitória de Trump representa uma "mudança psicológica muito grande" para muitos norte-americanos, que passam agora a ter "um fascista, misógino e mentiroso compulsivo" na Casa Branca.
O norte-americano revela ainda estar zangado com os conterrâneos que votaram em Donald Trump, mas enumera algumas explicações para o facto.
"Se olharmos para o mapa dos EUA, todos os estados com maior escolaridade votaram na Kamala. Com menos escolaridade, votaram no Trump. Quase todas as zonas urbanas - as cidades com mais de 100 mil habitantes - votaram em Kamala e todos os condados rurais votaram em Trump, ou seja, isto é uma guerra, uma polarização, entre o rural e o urbano e as pessoas com menos escolaridade e mais escolaridade", explica.
Fala ainda em "muita gente ignorante" e pessoas que vivem nas zonas rurais que querem vingar-se daquelas que vivem na cidade: "Agora, porque é que eles querem vingar-se, isso é uma questão complicada, que tem que ver com o fosso entre as pessoas mais ricas e mais pobres, tem que ver com a história dos EUA e o conflito entre os estados e o governo federal, tem que ver com muitos elementos da história americana."