Eleições americanas. “Perspetiva de mudança nos EUA tem de ser vista como oportunidade”
Luís Montenegro reuniu-se com o novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para debater a ajuda à Ucrânia
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, esta quinta-feira, em Budapeste, que a eleição de Donald Trump pode ser encarada como uma oportunidade para a União Europeia agir, no contexto do relançamento da economia e da indústria. Considera que é altura para menos palavras e mais ação. Montenegro diz-se favorável à ideia de uma Europa mais autónoma face aos Estados Unidos.
“Concordo que a Europa tem de ter mais autonomia do ponto de vista não só da defesa, mas também do ponto de vista da sua dinâmica económica”, afirmou, considerando, por outro lado, que a aliança de defesa deve manter-se tal como está, com os Estados Unidos vinculados ao laço transatlântico.
“Isto não significa que a Europa não deva fazer um investimento acrescido nos próximos anos para não gerar situações de excessiva dependência”, enfatizou o chefe do Governo português.
No contexto do relançamento da economia europeia e da reindustrialização da Europa, Montenegro considera que a eleição de Trump pode e deve ser uma oportunidade.
“Aquele caminho que nós vimos discutindo a nível europeu nos últimos meses tinha de ter um impulso ainda maior [e] esta perspetiva de mudança política nos Estados Unidos da América tem de ser vista como uma oportunidade”, vincou, detalhando que é uma “oportunidade de falarmos menos e fazermos mais”.
Na cimeira, foram também debatidas as implicações da eleição de Donald Trump no contexto da guerra na Ucrânia. “O presidente Zelensky aqui teve ocasião de nos transmitir também a visão dele, já enquadrada na alteração que ocorreu nos Estados Unidos da América”, afirmou, sublinhando que “nesse contexto, este encontro assume, de facto, uma importância muito grande para os próximos anos”.
À margem desta cimeira, Luís Montenegro teve vários encontros bilaterais, incluindo com o novo primeiro-ministro britânico Keir Starmer, para debater a ajuda à Ucrânia.
“Portugal vai aderir ao esforço de ajuda que está a ser promovido pelo Reino Unido através de um donativo financeiro de cerca de 52 milhões de euros, que será, por sua vez, consumado com a aquisição de drones portugueses”, afirmou o primeiro-ministro Luis Montenegro em Budapeste, à margem da cimeira da Comunidade Política Europeia, onde a segurança do continente e o rescaldo das eleições norte-americanas são dois dos temas que dominam, numa agenda que inclui também questões ligadas à sustentabilidade energética e às migrações como tópicos em discussão.