José Mário Vaz destacou que pela primeira vez em 25 anos um chefe de Estado conseguiu cumprir um mandato completo.
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O Presidente cessante da Guiné-Bissau e recandidato ao cargo, José Mário Vaz, comprometeu-se a aceitar os resultados das eleições presidenciais deste domingo, referindo que "só os não-democratas" não aceitariam o veredito popular.
Em declarações aos jornalistas após ter votado, numa secção de voto instalada junto à União Desportiva Internacional da Guiné-Bissau (UDIB), na Avenida Amílcar Cabral, o chefe de Estado cessante referiu que aceitou os resultados de 2014, quando foi eleito e que agora vai continuar a aceitar.
"O poder não é de José Mário Vaz, é do povo e o povo é soberano, é quem decide sobre o seu próprio destino", disse, referindo que "aquilo que for a decisão do povo só os não-democratas é que não aceitariam".
"Eu aceitei em 2014 e com certeza que continuarei a aceitar", reforçou.
O Presidente cessante, que chegou a pé ao local da votação, a cerca de 200 metros da Presidência da República, no centro da capital guineense, destacou que pela primeira vez em 25 anos um chefe de Estado conseguiu cumprir um mandato completo.
"As 'bocas de aluguer', tanto internas, como externas, não conseguiram mudar o destino da nossa terra, é um dia de mudança e ficamos a saber que é possível estar cinco anos no Palácio da República sem golpes de Estado que ponham em causa o destino do povo", disse.
Segundo Jomav, como é conhecido no país, nestes cinco anos do seu mandato não houve golpes de Estado "graças ao respeito pela Constituição" por parte dos militares, "que tudo fizeram para manter a paz, a estabilidade, e a liberdade" no país.
Considerando que "as condições estão criadas para os próximos Presidentes da República", José Mário Vaz manifestou-se "extremamente feliz" e com o sentimento de que "a missão está cumprida".
O Presidente cessante, que votou perto das 11h00 locais (mesma hora em Lisboa), apelou ainda aos guineenses para que votem.
"Vamos ter cuidado, ninguém deve ficar em casa, toda a gente deve ir exercer o seu direito, nós devemos demonstrar a nossa cidadania, em que não há guineenses do interior, guineenses da cidade, não há guineenses letrados ou analfabetos, brancos ou pretos, não há guineenses azuis nem amarelos, somos todos guineenses", disse.
A Guiné-Bissau viveu em plena campanha eleitoral para as presidenciais mais uma tensão política, quando José Mário Vaz demitiu o Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes, tendo nomeado outro, liderado por Faustino Imbali.
Imbali acabou por se demitir devido à pressão da comunidade internacional, com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e as Nações Unidas a ameaçaram impor sanções a quem desestabilizasse o país.
Durante o mandato de José Mário Vaz, a Guiné-Bissau teve nove primeiros-ministros, tendo dois deles sido nomeados duas vezes.
Mais de 760 mil eleitores são este domingo chamados a votar nas eleições presidenciais na Guiné-Bissau, escolhendo entre 12 candidatos quem irá suceder a José Mário Vaz, que se recandidata ao cargo.
As urnas encerram às 17h00 locais.