"Espanha não tem um minuto a perder." Pedro Sánchez anuncia eleições a 28 de abril
Primeiro-ministro espanhol dirigiu-se ao país para sustentar a decisão de antecipar eleições. "Não faria sentido continuar a governar com pressupostos que não eram os nossos."
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Já há data para eleições legislativas em Espanha: 28 de abril.
"Entre não fazer nada e continuar sem Orçamento ou dar a palavra aos espanhóis, escolho a segunda", justifica Pedro Sánchez. "Não faria sentido", diz, continuar a governar com pressupostos que não eram os do seu partido.
O primeiro-ministro espanhol, que anunciou a data das eleições legislativas para 28 de abril depois de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, diz que Espanha "não tem um minuto a perder. Precisa de continuar a avançar, a prosseguir com tolerancia, moderação e senso comum".
Na declaração ao país não faltaram criticas ao executivo liderado por Mariano Rajoy, alvo de uma moção de censura do PSOE que culminou com a eleição de Pedro Sánchez, em junho de 2018.
"O partido que sustentava o Governo foi condenado por enriquecimento ilícito; uma rede de corrupção", começou por dizer, referindo-se ao PP. O governo de Rajoy foi, recorda Sánchez, "acusado de corrupção e de não atender às pretensões dos espanhóis".
Pedro Sánchez destacou o trabalho do seu governo em relação ao crescimento económico e não só. O PSOE foi "um governo não partidário, consensual, com clara vocação europeísta, de esquerdas, um governo com maior número de mulheres em toda a OCDE, um governo que tinha uma firme convicção: governar para a maioria e unir os espanhóis".
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O primeiro-ministro já anunciou a decisão de convocar eleições legislativas para o dia 28 de abril ao rei Filipe VI.
Em cima da mesa, estavam duas possibilidades: 28 de abril ou 26 de maio, mas a preferência pelo dia 28 de abril, último domingo do mês, já era conhecida. Mesmo apesar de a campanha eleitoral acontecer, assim, durante a semana santa.
A alternativa, 26 maio, já intitulada pelos espanhóis de "super-domingo", coincidiria com as eleições europeias, as autonómicas e as autárquicas.
María Jesús Montero, ministra do Tesouro, já tinha assegurado numa entrevista a uma rádio espanhola, que, depois da reunião extraordinária, o primeiro-ministro iria "comunicar a convocatória de eleições".
Oito meses depois de ter chegado ao poder com a ajuda dos partidos independentistas catalães, Pedro Sanchéz vê-se agora obrigado a marcar eleições antecipadas, depois de a sua primeira proposta de Orçamento ter sido chumbada na última quarta-feira pelos mesmo partidos que foram decisivos para a formação do governo do PSOE.
Perante a recusa do governo socialista em reconhecer o direito à autodeterminação da Catalunha, os independentistas, juntamente com o PP e com os Ciudadanos, disseram não ao Orçamento do Estado.
A proposta de Orçamento Geral do Estado espanhol para 2019 foi rejeitada no Congresso dos Deputados (câmara baixa do parlamento) com 191 votos a favor e 158 votos contra do PP (direita), Cidadãos (direita liberal), Foro Asturias (regionalista) e Coligação Canárias (regionalista), a quem se juntou a ERC (Esquerda Republicana de Catalunha) e o PDeCAT (Partido Democrático Europeu da Catalunha).
Isto depois de milhares terem saído à rua para exigir a demissão de Pedro Sánchez e novas eleições.