Eleições em França: Mélenchon pede primeiro-ministro de esquerda, Le Pen vê vitória "apenas adiada" e Attal vai demitir-se
Milhões de eleitores são chamados às urnas para eleger o próximo Governo francês. Partido de Marine Le Pen, União Nacional, pode alcançar vitória, mas sem maioria absoluta. Siga em direto
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O líder do França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, exigiu hoje ao Presidente francês, Emmanuel Macron, a nomeação de um primeiro-ministro da aliança de esquerda, que segundo as projeções ficou em primeiro lugar nas eleições legislativas.
"O nosso povo rejeitou claramente a pior solução possível", afirmou Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa (LFI), parte da coligação de esquerda Nova Frente Popular, acrescentando que o primeiro-ministro, Gabriel Attal, deve sair e a aliança de esquerda deve governar, o que foi recebido com muitos aplausos e gritos de apoio por parte dos apoiantes.
Os resultados da segunda volta das eleições legislativas surpresa são um "imenso alívio para a maioria das pessoas no nosso país", disse Jean-Luc Mélenchon, enquanto o partido de extrema-direita União Nacional (RN), que inicialmente se esperava que ganhasse, acabou por ficar em terceiro lugar.
Na praça La Rotunde Stalingrad, local onde o partido LFI, de extrema-esquerda, organizou a sua noite eleitoral, os resultados foram recebidos em ambiente de festa por apoiantes, militantes e, inclusive, pelos jornalistas franceses.
Após o discurso, Jean-Luc Mélenchon apareceu numa das janelas do edifício para as centenas de pessoas que se juntaram para assistir aos resultados da noite eleitoral, o que causou uma onda de festejos.
O secretário-geral do partido do Presidente francês, o Renascimento, afirmou hoje ser óbvio que a aliança de esquerda Nova Frente Popular "não pode governar a França", argumentando que nenhuma coligação tem maioria na Assembleia Nacional.
Após as primeiras projeções das eleições legislativas francesas que dão a aliança de frente como vencedora, à frente do bloco que incluiu o partido de Macron e da extrema-direita, Stéphane Séjourné comentou que "contrariamente ao que alguns previam, o bloco central republicano moderado continua lá, continua de pé".
O também ministro dos Negócios Estrangeiros Séjourné agradeceu aos candidatos a deputados que perderam os seus lugares ou que "se retiraram em nome dos valores republicanos".
O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, afirmou hoje que tenciona demitir-se depois de a coligação de esquerda surgir nas projeções como vencedora na segunda volta das eleições legislativas.
"Entregarei a minha demissão ao Presidente da República amanhã (segunda-feira) de manhã", anunciou Gabriel Attal, afirmando que poderá permanecer no cargo "enquanto o dever o exigir", nomeadamente no contexto dos Jogos Olímpicos que o país se prepara para acolher.
"Assumirei obviamente as minhas funções durante o tempo que o dever exigir", referiu numa intervenção na residência oficial do primeiro-ministro, depois de as projeções avançarem a Nova Frente Popular com 172 a 215 deputados, enquanto o bloco do Presidente, Emmanuel Macron, poderá contar com 150 a 180 lugares, à frente do partido de extrema-direita União Nacional, com entre 115 e 155 deputados eleitos.
A líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen afirmou hoje que a vitória ficou "apenas adiada", depois das projeções apontarem o seu partido, a União Nacional, no terceiro lugar, atrás da aliança de esquerda e do bloco do Presidente.
"A maré está a subir. Desta vez não subiu suficientemente alto, mas continua a subir. E, por isso, a nossa vitória só tarda", declarou a líder no canal privado TF1.
"Tenho demasiada experiência para ficar desiludida com um resultado em que duplicamos o nosso número de deputados", segundo a dirigente, comentando as projeções divulgadas após o fecho das urnas
As estimativas apontam uma vitória da Nova Frente Popular, com 172 e 215 deputados, enquanto o bloco de Emmanuel Macron poderá contar com 150 a 180 lugares, à frente do partido de extrema-direita, com entre 115 e 155 deputados eleitos.
O líder da União Nacional, Jordan Bardella, salientou hoje que o partido registou o seu "maior avanço na história", duplicando o número de deputados, e criticou "os arranjos eleitorais" que "atiraram a França para os braços da extrema-esquerda".
"Apesar de uma campanha de segunda volta marcada por alianças contranatura - que procuraram de todas as maneiras impedir os franceses de escolher livremente uma política diferente - a União Nacional (Rassemblement National, em francês) realizou hoje o avanço mais importante de toda a sua história", declarou Jordan Bardella no pavilhão de Chesnaye du Roi, no sudeste de Paris, onde está a decorrer a noite eleitoral do partido.
Para o líder da União Nacional, "a aliança da desonra e os arranjos eleitorais perigosos negociados por Emmanuel Macron e Gabriel Attal com as formações de extrema-esquerda impedem os franceses de uma política de recuperação nacional".
"Esta noite, os acordos eleitorais atiraram a França para os braços da extrema-esquerda de Jean-Luc Mélenchon", afirmou Jordan Bardella, perante os apupos dos militantes da União Nacional, acrescentando que o facto de a União Nacional ter ganho a primeira volta e duplicado o seu número de deputados são "elementos constitutivos de uma vitória amanhã".
"Tendo em conta a política que vai ser aplicada nos próximos meses, e que não vai responder a nenhuma das preocupações dos franceses, a União Nacional incarna a única alternância perante o partido único", afirmou.
As projeções das eleições francesas dão a vitória à Nova Frente Popular, que agrega vários partidos de esquerda, à frente da coligação de extrema-direita, liderada pelo partido de Marine Le Pen.
Segundo a projeção realizada pela Ifop, a aliança de esquerda terá entre 180 e 215 deputados, enquanto o Rassemblement National e aliados irá ficar entre os 120 e os 150 mandatos. No meio está a coligação de apoio ao Presidente, Emmanuel Macron, com 150 a 180 deputados.
Já a sondagem da Ipsos dá entre 172 e 192 lugares à Nova Frente Popular, entre 150 e 170 à aliança que compreende o partido de Macron e entre 132 e 152 à coligação de extrema-direita.
Até às 17h00 locais (16h00 em Lisboa), a afluência às urnas em França é de 59,71%, segundo o Ministério da Administração Interna francês. À mesma hora, em 2022, 38,11% dos franceses já tinham votado. Comparativamente à cifra registada hoje, é uma diferença de mais de 20 pontos percentuais.
Além disso, é a maior taxa de participação numa segunda volta de legislativas francesas desde 1981: nesse ano, foi de 61,4%.
O antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy já votou, acompanhado pela mulher Carla Bruni. Ambos exerceram o seu direito de voto em Paris.
As urnas fecham às 20h00 (19h00 em Lisboa) na região parisiense.
No Palácio do Eliseu, o Presidente francês, Emmanuel Macron, vai receber o primeiro-ministro do país, Gabriel Attal, e os líderes dos partidos da maioria cessante. Segundo o Le Figaro, o encontro está marcado para as 18h30 (17h30 em Lisboa).
Vários estabelecimentos localizados na avenida dos Campos Elísios, em Paris, colocaram proteções nos seus edifícios por razões de segurança.
Foi por volta das 12h30 (11h30 em Lisboa) que o presidente francês, Emmanuel Macron, exerceu o seu direito de voto nesta segunda volta das legislativas francesas. Chegou à sua assembleia de voto em Le Touquet, acompanhado da sua mulher Brigitte.
A embaixadora de França em Portugal, Hélène Farnaud-Defromont, considerou este domingo as eleições legislativas francesas "muito importantes" não só para o país, mas também para a Europa, escusando-se a fazer prognósticos de resultados nesta segunda volta.
"Estas eleições são muito importantes para a França, mas também para a Europa. Os franceses, todos, estão conscientes disso", disse no Liceu Francês, em Lisboa, após votar presencialmente.
De acordo com Hélène Farnaud-Defromont, a afluência às urnas em Portugal "é boa", referindo que "mais de um terço" dos cerca de 20 mil eleitores inscritos nos cadernos eleitorais votaram pela Internet.
Em França, até às 12h00 (11h00, em Lisboa), a afluência às urnas é a maior dos últimos 43 anos, segundo a agência de notícias AFP. No primeiro balanço do Ministério da Administração Interna francês, 26,63% dos eleitores franceses já votaram na segunda volta das legislativas.
Mais de 30 mil agentes das forças de segurança foram mobilizados para a operação de segurança neste dia de eleições. Em Paris, os ajuntamentos foram proibidos em alguns locais, uma forma de evitar confrontos entre grupos radicais de extrema-esquerda e extrema-direita.
Na capital francesa, vários estabelecimentos comerciais estão também encerrados este domingo por razões de segurança.
Em Boissy-Saint-Léger, na região parisiense, os eleitores começaram a votar desde as 08h00 na sala de festas da câmara municipal transformada em assembleia de voto. Quem já votou esta manhã conta à TSF que quer ficar mais descansado para o resto do dia, outros votam para depois irem embora de férias. Brigitte admite que nem sempre participa em todos os atos eleitorais, nomeadamente nas últimas eleições europeias, mas este domingo veio votar.
"Voto hoje porque é um escrutínio extremamente importante. Esta eleição é particular, diria até histórica. Não sabemos qual vai ser o resultado e não sabem o que pode acontecer amanhã. É lógico que nos devemos interessar pelo nosso país", explica.
Bom dia. Vamos acompanhar ao longo do dia neste liveblog a segunda volta das eleições em França.
As urnas já abriram em França às 08h00 (07h00 em Lisboa). Em jogo, estão 577 lugares na Assembleia Nacional e a possibilidade da extrema-direita chegar ao poder, mas sem maioria absoluta.
O partido de Jordan Bardella, União Nacional, venceu a primeira volta, elegeu 38 deputados e é favorito em, pelo menos, 165 círculos eleitorais, faltando 86 lugares para conseguir uma maioria absoluta.
Passavam poucos minutos das 10h00 (9h00, em Lisboa) quando o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, votou em Vanves, nos arredores de Paris. À saída, apesar das perguntas, não prestou qualquer declaração aos jornalistas.
