Escolher a fila para comer ou a fila para votar é um dilema para quem sofre de insegurança alimentar. A iniciativa Feed the Polls quer resolver o problema, distribuindo refeições junto às mesas de voto.
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Quem vai votar, esta terça-feira, nos EUA, pode ter de enfrentar longas filas.
No voto antecipado, houve quem esperasse várias horas, o que pode representar um problema, para quem sofre de insegurança alimentar.
Foi a pensar nessas pessoas que nasceu a iniciativa Feed the polls, que vai distribuir 50 mil refeições gratuitas junto aos locais de voto. Nasser Jaber, que dirige a Migrant Kitchen, com experiência na distribuição alimentar, sublinha que "quando falamos de insegurança alimentar e fome, não quer dizer que se é um sem-abrigo, na rua. Há pessoas que têm trabalho, com salários baixos ou com rendimentos abaixo do valor do mercado e que não conseguem comprar comida". Nasser dá o exemplo de uma empregada de mesa em Nova Iorque, que ganha 200 dólares por turno e que não se pode dar ao luxo de ir votar. No entanto, se decidir mesmo votar, faltando ao trabalho, o Feed the polls garante pelo menos, o jantar da eleitora e da sua família.
Como palestiniano, Nasser Jaber conhece a realidade de não ter comida na mesa.
"A minha família não tinha segurança alimentar. Vi a insegurança alimentar nos campos e como emigrante nos EUA, também sofri de insegurança alimentar nos primeiros anos, porque quase não tinha dinheiro. E quando estamos a pensar no que vamos comer só pensamos 'será que vou jantar?' Já vi isso, em primeira mão."
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A Migrant Kitchen, que também distribui refeições em Beirute e Jerusalém, propõe-se tratar as pessoas com respeito. "Não lhes vou dar sandes de mortadela, queijo ou fiambre - embora queijo e fiambre seja delicioso em Portugal e Espanha, mas não aqui", refere Nasser Jaber.
O empreendedor confessa que tem borboletas no estômago, ao imaginar os riscos da operação. "Vai acontecer tudo num dia." Até agora, era uma grande equipa e esta terça-feira, serão pequenas equipas a trabalhar em todo o lado, mas se conseguirmos fazer isto - e vamos conseguir", acredita Nasser. "Então poderemos fazer o impossível", ou seja, fazer chegar ajuda alimentar a zonas em todo o mundo onde faltam alimentos, desde o Iémen ao Iraque, Líbia ou Venezuela.