A aliança entre uma ala do partido de direita, aliados a Eric Ciotti, com o partido de extrema-direita veio reforçar a liderança da União Nacional nas sondagens com 36% das intenções de voto. A aliança da esquerda soma 29%. O campo presidencial mantém-se nos 19,5% e os Republicanos na quarta posição com 8%
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Emmanuel Macron prometeu dinamizar a vida política depois da eleição em 2017,mas pode ser também quem vai abrir as portas do poder à extrema-direita em França. A única certeza é que, depois de ter convocado eleições legislativas antecipadas, o Presidente francês agravou a divisão no país e a França corre o risco de ficar ingovernável nos próximos dias.
Os vários partidos tentam imaginar cenários possíveis, novas distribuições de poder entre o Presidente, de um lado, e o governo, do outro.
Nos últimos dias, as declarações de Marine Le Pen sobre o papel “honorário” do cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas levantou dúvidas. Segundo Marine Le Pen, este cargo atribuído pela constituição francesa ao Presidente da República não passa de um título honorário. Afirmações que deixam claro que não vai ser Emmanuel Macron quem vai decidir se a França envia ou não tropas para a Ucrânia, por exemplo, caso o partido de extrema-direita conquiste uma maioria absoluta no parlamento.
O presidente do Movimento Democrático (MoDem), François Bayrou, defende que esta pode vir a ser uma violação grave à constituição francesa, mas o poder presidencial é moderado, defende Sami Benzina, professor de direito na universidade de Poitier.
"O artigo 15 da Constituição prevê que o Presidente da República seja Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, mas o artigo 21 da Constituição prevê que o governo seja o responsável pela defesa do país. Esta divisão das competências entre o chefe de Estado e o governo nunca foi muito clara na Constituição francesa. O general De Gaulle fez desta função de chefe das forças armadas uma função central e é, aliás, uma prática que pode comprometer uma nova relação de forças entre o Presidente e o chefe de governo", defende o docente.
Consoante a próxima composição do parlamento, a divisão dos poderes também pode mudar.
Entre os temas dominantes desta campanha legislativa, estão, principalmente, o poder de compra, a insegurança e a imigração. Os franceses fazem este domingo a escolha entre a União Nacional de extrema-direita, que lidera as sondagens, uma esquerda que luta para ser opositora ao partido de Jordan Bardella e uma maioria marconista que, embora enfraquecida pela dissolução e solitária, ainda se espera salvar.
